China pode acabar com política de limite de dois filhos por casal após 40 anos

Comitê permanente do Congresso Nacional do Povo está realizando reuniões para discussão de controle de natalidade e medidas sobre divórcio

China planeja mudanças no código civil e pode flexibilizar controle e limitações acerca de planejamento familiar local
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China planeja mudanças no código civil e pode flexibilizar controle e limitações acerca de planejamento familiar local

A China está ponderando a eliminação de suas restrições ao nascimento, revertendo quase quatro décadas de políticas de planejamento familiar que resultou na queda das taxas de natalidade. Atualmente, os casais chineses estão limitados a ter duas crianças, entretanto, segundo informações da agência de noticiais estatal Xinhua , pode haver flexibilização no controle de natalidade após mudanças previstas no código civil.

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De acordo com o The Guardian , as autoridades estão prontas para promulgar um amplo código civil que acabaria com a política que tem sido aplicada por meio de multas pelo descumprimento. As alterações na lei, que foi notória em casos de abortos forçados e esterilização na China , país mais populoso do mundo, estão sendo discutidas pela comissão permanente do Congresso Nacional do Povo.

O jornal coloca que o esboço do código omite qualquer referência ao " planejamento familiar " - política atual que limita casais a ter mais do que dois filhos, porém, não há indicação se a nova medida aumentaria esse limite ou se, simplesmente, não citaria isso.

O rascunho do código também inclui "regras precisas" para lidar com o crescimento de casos de assédio sexual no país. Após os relatos sobre abusos nas redes sociais pela hashtag #MeToo, as vítimas poderão exigir que os perpetradores assumam 'responsabilidade civil' por cometerem assédio sexual contra as vítimas, seja física ou verbalmente.

China pode acabar com restrições devido à baixa capacidade de produção

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Durante reuniões do comitê permanente do Congresso Nacional do Povo deverá abordar questões sobre o divórcio

O Partido Comunista chinês começou a aplicar a política do filho único em 1979 para retardar o crescimento populacional. Em 2016, o limite foi elevado para duas crianças, enquanto a nação se esforçava para rejuvenescer a população com 1,4 bilhão de idosos.

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Com isso, as mudanças podem estar embasadas em uma preocupação de que a força de trabalho, que está envelhecend, encolha e, desse modo, desacelere a economia. Além disso, é o desequilíbrio entre gêneros pode ocasionar em mais problemas sociais ao país.

Mary Gallagher, professora de política da Universidade de Michigan, se pronunciou sobre o assunto, alegando que “o governo enfrenta um colapso demográfico colossal à medida que a população trabalhadora diminui e a população mais velha se expande rapidamente”.

Ela ainda pontuou que “isso gera o carecimento de um programa de seguro social que possa apoiar adequadamente o envelhecimento da população”.

Outras questões destacadas por Gallagher é o receio de que as autoridades chinesas passem a  “intervir de forma agressiva nas políticas pró-natalistas e  anti-natalistas, o que causaria efeitos negativos sobre a posição das mulheres no mercado de trabalho , na sociedade e na família".

Vale mencionar que os partos não aumentaram tanto quanto previsto desde que a política de dois filhos entrou em vigor e, por isso, há especulações de que o governo flexibilizará as restrições.

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As reuniões do comitê permanente do Congresso Nacional do Povo, liderado por Li Zhanshu, se prolongará até sexta-feira (31) e deverá abordar também a proposta acerca da implementação de um "período de reflexão" de um mês antes do divórcio seja assinado. Isso porque a separação de casais aumentou de forma exponencial nos últimos anos na China