
A brasileira Raynéia Gabrielle Lima recebeu homenagens da Universidade Americana (UAM), onde estudava Medicina, nessa quinta-feira (26). Entre os participantes do evento estava o reitor da UAM, Ernesto Medina, que culpou o governo pela morte da aluna de Medicina. A estudante foi assassinada a tiros na capital da Nicarágua, Manágua, no dia 23 de julho.
O país vive uma onda de violência em meio a protestos populares pela saída do presidente Daniel Ortega. Na homenagem de ontem, bandeiras do Brasil e da Nicarágua foram colocadas na rotatória Jean-Paul Genie, onde estão colocadas várias flores e fotos de Raynéia e outros estudantes mortos em Manágua desde o dia 18 de abril, quando tiveram início manifestações contra Ortega.
Segundo organizações não governamentais (ONGs) humanitárias e internacionais, pelo menos 448 pessoas foram mortas no país, vítimas da forte repressão do governo.
O reitor da UAM defendeu que “os paramilitares que estavam na casa de Chico López foram os que dispararam [contra Raynéia]”. “É preciso dizê-lo”, afirmou, “as forças paramilitares sentem que têm carta branca. Ninguém vai dizer nada ou fazer nada com eles. Eles andam por aí sequestrando e fazendo operações policiais”.
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Chico López é tesoureiro da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), partido de Daniel Ortega
, e vive no mesmo bairro em que a estudante brasileira morava, no sul da capital. Além disso, ele já foi gerente das duas grandes empresas estatais dos setores de petróleo e construção.
Governo da Nicarágua nega culpa de paramilitares

Depois de as forças paramilitares serem apontadas como responsáveis pelo assassinato de Raynéia, o governo do país negou a informação e disse que a brasileira foi baleada por um vigilante de uma empresa privada de segurança. O carro dela foi alvejado na noite da segunda-feira enquanto ela estava sozinha.
A Comissão Interaamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o Escritório do Alto Comissário para os Direitos Humanos da ONU (ACNUDH) responsabilizaram o governo de Ortega por assassinatos, execuções extrajudiciais, maus tratos e possíveis atos de tortura.
Depois da morte de Raynéia, o Ministério das Relações Exteriores convocou a embaixadora da Nicarágua em Brasília, Morena Martínez, e também chamou de volta o embaixador brasileiro em Manágua, Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos, para consultas.
*Com informações da Agência Brasil