Kuczynski é proibido de deixar o Peru por 18 meses após renunciar da presidência

Ele apresentou uma carta de renúncia ao cargo de presidente no dia 21 de março, depois de ser acusado de corrupção em obras feitas pela Odebrecht

renúncia de Kuczynski, portanto, pode ser relacionada ao escândalo que envolve a empreiteira brasileira
Foto: Reprodução/TV Perú
renúncia de Kuczynski, portanto, pode ser relacionada ao escândalo que envolve a empreiteira brasileira

O ex-presidente do Peru Pedro Pablo Kuczynski foi proibido pela Justiça, neste sábado (24), de deixar o país pelos próximos 18 meses . O político é investigado por lavagem de dinheiro em contratos assinados com a empreiteira Odebrecht, quando ainda era ministro de Alejandro Toledo, entre 2001 e 2006.

A decisão emitida pelo juiz Carlos Sánchez hoje tem como base no inquérito sobre a suspeita de corrupção por parte de Kuczynski . O advogado de defesa César Nakazaki afirmou que o ex-presidente aceitará os termos enquanto durarem as investigações preliminares do Ministério Público.

Na mesma audiência, Nakazaki fez reclamações sobre as operações de busca e apreensão feitas na casa do ex-presidente, o que a Justiça apenas confirmou serem oficiais. Então, o advogado argumentou que “em algum momento, o cliente teria de se ausentar do país por motivos familiares anteriores à investigação”. Por causa disso, o juiz entendeu que a proibição se justifica – uma vez que, caso seja comprovado, o crime prevê pena de até oito anos de cadeia.

Entenda o caso

Depois de sete anos no poder, Kuczynski apresentou uma carta de renúncia ao cargo de presidente no dia 21 de março. O fim do seu mandato acontece em meio a uma crise política gerada a partir de vídeos divulgados pela oposição, que deram início a investigações contra o peruano, a respeito de compra de votos em troca de obras.

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A decisão foi tomada um dia antes do Congresso votar a possível destituição do então presidente, devido aos escândalos dos vídeos divulgados pela oposição. As imagens foram reveladas pelo partido Fuerza Popular. O escândalo foi chamado de "Kenjivideos", uma referência ao deputado Kenji Fujimori, filho do ex-presidente Alberto Fujimori, que aparece no vídeo tentando comprar votos.

Antes disso, o presidente já havia sido alvo de uma tentativa de impeachment em dezembro passado, quando se livrou por apenas oito votos. Um dos que se abstiveram da votação, contribuindo para a manutenção de Kuczynski no poder, foi Kenji. Condenado a 25 anos de prisão por violações dos direitos humanos, corrupção e apoio a esquadrões da morte, Fujimori recebeu um indulto "humanitário" de Kuczynski poucos dias depois da derrota do pedido de impeachment no Congresso, o que foi vista como uma trocas de favores.

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Eleito em 2016, Kuczynski é acusado de ter recebido propina da Odebrecht por meio de empresas de consultoria. A própria empreiteira brasileira disse que desembolsara US$ 4,8 milhões a duas firmas vinculadas ao mandatário peruano, entre 2004 e 2013. A renúncia de Kuczynski, portanto, pode ser relacionada ao escândalo que envolve a empreiteira brasileira.