Tesoureiro do Vaticano é investigado sobre suposto caso de abuso sexual

Terceira maior autoridade do Vaticano, George Pell é acusado de abuso sexual por testemunhas em tribunal australiano

No início do ano, o papa Francisco disse sentir “vergonha e dor” por conta dos casos de pedofilia envolvendo clérigos
Foto: Reprodução/Centro Televisivo do Vaticano
No início do ano, o papa Francisco disse sentir “vergonha e dor” por conta dos casos de pedofilia envolvendo clérigos

O cardeal George Pell, tesoureiro do Vaticano e terceira maior autoridade da Igreja Católica, está sendo investigado por um tribunal australiano por abusos sexuais que supostamente cometeu. A informação é do jornal Folha de S.Paulo .

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Nunca alguém tão graduado na Igreja foi investigado por semelhante crime. O processo, que já se encontra em fase de audiências, busca averiguar se procedem os relatos de diversas pessoas que afirmaram ter sido abusadas pelo cardeal – alguns destes casos teriam acontecido há mais de 40 anos.

Inicialmente, Pell respondia a um processo por possíveis dificuldades que teria interposto às investigações sobre abusos cometidos por clérigos na Austrália .

Isso porque, em 2012, formou-se uma comissão no país para tratar da forma como a Igreja conduzia as denúncias de abusos sexuais de que tinham notícia. Antes de chefiar a tesouraria do Vaticano, Pell era arcebispo em Sidney, importante cidade do país, além de ser um dos religiosos mais importantes da Austrália.

Em 2015, contudo, surgiu uma primeira denúncia de abuso contra o cardeal. O caso corre em segredo de justiça, mas, após a denúncia, várias outras possíveis vítimas procuraram os tribunais e relataram terem também sido atacadas por Pell.

O cardeal encontra-se afastado de suas funções. Caso vá a julgamento, ele já afirmou que irá se declarar inocente.

O papa e os abusos

No início do ano, o papa Francisco, que foi quem nomeou o cardeal para o 3º cargo mais importante da Igreja, disse sentir “vergonha e dor” por conta dos casos de pedofilia envolvendo clérigos. Em nome da igreja, ele pediu perdão pelo “dano irreparável causado a crianças por parte dos padres”.

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“Desejo unir-me aos meus irmãos no Episcopado porque é justo pedir perdão e apoiar com todas as forças as vítimas, enquanto devemos nos empenhar para que isso não se repita", disse Francisco.

Dias após a declaração, contudo, o papa saiu em defesa de um bispo chileno que havia sido acusado de acobertar atos de pedofilia de um padre que trabalhava em sua jurisdição.

Ele afirmou tratarem-se de “calúnias” as acusações contra o bispo de Osorno. De acordo com moradores da região chilena, o bispo teria acobertado uma série de abusos sexuais cometidos por um padre contra crianças e adolescentes.

“Não há uma única prova, tudo é calúnia”, disse o papa. “O dia que me trouxerem uma prova vou falar”, completou o líder cristão.

As acusações contra o padre vieram a tona em 2004, mas só em 2011 a Igreja agiu para puni-lo. Vítimas do padre afirmam que o bispo sabia dos abusos, mas manteve silêncio.

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