A Coreia do Norte enviou ao menos 40 carregamentos de materiais ligados a armas químicas para a Síria, como armas e mísseis balísticos, entre os anos de 2012 e 2017, que não foram registrados oficialmente, segundo aponta um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), que será divulgado oficialmente em março.
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Um grupo de especialistas, que monitora as sanções contra a Coreia do Norte
, afirma que investigações feitas sobre as transações entre os países mostram que Pyongyang enviou armamentos à Síria de maneira não oficial. Entre os materiais encontrados estão os polêmicos mísseis balísticos. O país também enviou sistemas de mísseis para serem usados na guerra que assola a Síria há pouco mais de sete anos.
Além disso, um membro não identificado da ONU reportou que existem evidências de que Myanmar tenha recebido armas norte-coreanas, incluindo foguetes e mísseis terra-ar.
Os Estados Unidos e outras nações ocidentais acusam a Síria de usar armas químicas contra a população em áreas controladas pelos rebeldes, como é o caso de Ghouta, subúrbio de Damasco recentemente atacado violentamente. O governo de Bashar al-Assad nega participação nos ataques na região que deixaram centenas de mortos e quase mil pessoas feridas.
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Segundo fontes anônimas, o relatório produzido pelo Conselho de Segurança da ONU tem mais de 200 páginas, e nele os diplomatas expuseram detalhes com “novas evidências substanciais” de que o governo norte-coreano tem mantido um relacionamento com o sírio pelo menos desde 2008, ajudando o governo de Assad na criação de armas químicas. De acordo com um membro da organização ao jornal “The Guardian”, a corporação norte-coreana Ryonhap-2 está envolvida em um programa de mísseis balísticos na Síria há 10 anos.
Mais recentemente, segundo aponta o documento, uma visita feita por uma delegação técnica de peritos (incluindo especialistas em armas de destruição em massa), aponta que a Coreia do Norte realizou “a transferência para a Síria de válvulas de resistência especiais e termômetros conhecidos para uso em programas de armas químicas”. A informação teria sido apontada por uma autoridade, que ainda afirmou que os técnicos norte-coreanos receberam comandos de “continuarem a operar armas químicas e mísseis nas regiões de Barzeh, Adra e Hama”.
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Uma prova considerada crucial pelos especialistas é a descoberta feita em janeiro de 2017 de carregamentos em dois navios que iam para Damasco, que foram confiscados, com mosaicos resistentes a ácidos, usados normalmente na construção de fábricas de armas químicas.
Admiração à Síria
O regime da Coreia do Norte não esconde a admiração pela revolução Baathista da Síria, além da “força de resistência” de Bashar al-Assad contra “os esforços dos Estados Unidos em derrubar o presidente”. Em 2015, o governo sírio chegou a agradecer o apoio norte-coreano,. inclusive inaugurando um monumento dedicado a Kim il-Sung, avô de Kim Jong-un, líder da dinastia da família.