Irmão assassinado de Kim Jong-un levava antídoto de veneno que o matou na bolsa

A Alta Corte da Malásia ouviu nesta semana que Kim Jong Nam tinha 12 doses de atropina em sua bolsa no momento em que foi atacado com o veneno VX, no aeroporto malaio. Ele foi assassinado em fevereiro deste ano

Kim Jong Nam tinha 12 doses de atropina em sua bolsa no momento em que foi atacado com o veneno VX
Foto: Reprodução/Facebook
Kim Jong Nam tinha 12 doses de atropina em sua bolsa no momento em que foi atacado com o veneno VX

O meio-irmão do líder norte-coreano Kim Jong-un carregava ampolas de um antídoto ao veneno que acabou o matando no aeroporto no momento em que foi atacado. As informações foram divulgadas nesta sexta-feira (01) pelo governo da Malásia.

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De acordo com o canal de TV norte-americano “CNN”, a Alta Corte da Malásia ouviu esta semana que Kim Jong-nam tinha 12 doses de atropina em sua bolsa no momento em que foi atacado com o veneno VX, no aeroporto malaio. A substância é conhecida por inibir os efeitos fatais do organosfosforado neurotóxico, responsável pela morte do meio-irmão de Kim Jong-un no dia 13 de fevereiro deste ano, no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur.

O advogado de defesa de Hisyam Abdullah, uma das pessoas envolvidas no assassinato de Nam, também confirmou a informação à CNN . Abdullah– que teria jogado a substância tóxica no rosto da vítima – apontou o fato ao toxicologista oficial do governo da Malásia que, diante da Corte, analisou as amostras da droga com aquela encontrada na bolsa do homem assassinado.

“A atropina provê proteção primária contra a exposição aos agentes neuroquímicos e ao envenenamento por inseticidas”, segundo explica a Sociedade Americana dos Farmacêuticos Hospitalares. De acordo com o professor sênior da Universidade de Sidney Nial Wheate, “se você sabe que está sendo perseguido por alguém com um agente nervoso, a atropina pode ser uma droga-chave para que você carregue consigo”.

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Além do antídoto, Nam ainda levava US$ 125 mil em dinheiro na hora de sua morte, de acordo com o testemunho de um policial à Corte malaia.

O crime

Kim Jong-nam estava no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur, no dia 13 de fevereiro, se preparando para uma viagem a Macau, no território chinês. Porém, enquanto aguardava na fila do check-in, teria sido envenenado.

Resultados da autópsia do corpo da vítima mostram que ela morreu em menos de 20 minutos, a caminho do hospital, de acordo com os investigadores malaios, que ainda afirmaram que uma mulher o atacou com um poderoso agente chamado “ VX ”. O ministro da Saúde da Malásia Dr. Subramaniam Sathasivam disse neste domingo (26) que a morte de Kim “deve ter sido muito dolorida”.

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Três pessoas estão sob custódia, incluindo duas mulheres do Vietnã e da Indonésia, que foram vistas nas imagens das câmeras de segurança, espirrando uma substância líquida no rosto de Kim.

A suspeita indonésia afirmou ao embaixador da Malásia que ela acreditava estar “participando de uma ‘pegadinha’ de TV quando espirrou a substância na cara de Kim”. De acordo com ela, afirmaram que o líquido se tratava de óleo de banho para bebês.

Porém, o chefe da polícia malaia, Khalid Abu Bakar, rejeitou a versão da história, afirmando que as duas mulheres foram “treinadas para esfregar o veneno no rosto da vítima”.

Autoridades da Malásia ainda estão segurando o corpo de Kim Jong-nam – e não o entregarão a Coreia do Norte (e a Kim Jong-un) até que recebam uma amostra de DNA, perfis dentários e marcas corporais para identificar a vítima.