Chegou a 305 o número de pessoas que morreram após terroristas explodirem uma bomba e atacarem a tiros os fiéis islâmicos que participavam do período de orações em uma mesquita na Península do Sinai , no norte do Egito, nesta sexta-feira (24). O número de vítimas inicialmente reportado pela TV estatal egípcia, MENA , era de 235, mas o total foi atualizado por fontes oficiais na manhã deste sábado (25). Outras 128 pessoas feridas no ataque à mesquita de al-Rawda.
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O presidente egípcio, general Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, prometeu em pronunciamento na televisão que haverá uma resposta "brutal" e "rápida" aos responsáveis pelo ataque, que conseguiram fugir do local e são procurados pelas Forças Armadas. "As Forças Armadas e a polícia vingarão nossos mártires e nos devolverão a segurança e a estabilidade com força em muito pouco tempo", disse Al-Sisi.
De acordo com Osama Bin Javaid, correspondente da TV Al Jazeera , testemunhas relataram que primeiro houve a explosão bem ao lado da mesquita de al-Rawda, fazendo com que os fiéis deixassem o templo apavorados e fossem em seguida abatidos por atiradores posicionados do lado de fora de al-Rawda. Meios da imprensa israelense reportaram que as saraivadas de tiros foram disparadas por homens distribuídos em quatro carros 4x4.
Ainda segundo a estatal MENA , até mesmo as ambulâncias que chegavam à região para socorrer as vítimas foram alvos de tiros.
Nenhuma facção reivindicou a autoria do atentado até o momento. O principal suspeito de estar por trás desse ataque é o Estado Islâmico, que tem atuado constantemente na Península do Sinai, especialmente após a deposição do ex-presidente egípcio Mohamed Morsi, da Irmandade Muçulmana, em 2013.
A mesquita que foi alvo do atentado desta sexta-feira fica em uma localidade onde a maioria da população pertence à etnia Al-Sawarka, que anunciou a participação na luta contra o Estado Islâmico em maio do ano passado.
O presidente Michel Temer divulgou mensagem lamentando o episódio, assim como o presidente americano, Donald Trump, que defendeu a ideia de que o mundo "não pode tolerar o terrorismo" e que é necessário "derrotar militarmente" facções que praticam esses atos.
Causam consternação as notícias do ataque, hoje, a uma mesquita no #Egito . Estendemos nossa mais profunda solidariedade às famílias das vítimas. O Brasil rechaça com firmeza a violência e todas as manifestações de intolerância.
— Michel Temer (@MichelTemer) 24 de novembro de 2017
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O Sinai
Considerada área importante pelo islamismo, judaismo e cristianismo, a Península do Sinai historicamente tem sido palco de disputas e episódios sangrentos. De acordo com a bíblia cristã, o local foi onde Moisés conversou com Deus e recebeu os dez mandamentos.
O Sinai foi tomado por Israel em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, quando o judaismo israelense derrotou "sozinho" (Israel contou com apoio dos Estados Unidos) o grupo muçulmano formado pelo Egito, Arábia Saudita, Síria, Iraque, Argélia e Sudão, passando a controlar, além do Sinai, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e as Colinas de Golã.
De acordo com o escritor Lawrence Wright, autor do vencedor do prêmio Pulitzer O Vulto das Torres (sobre a Al-Qaeda e o atentado de 11 de setembro), aquela derrota levou os muçulmanos a considerarem que Deus escolheu o lado de Israel naquela guerra pois os islamitas não estariam aplicando devidamente a sharia
, a lei sagrada do Islã. Esse pensamento, nutrido por distorções na interpretação das profecias do profeta Maomé, teria sido um dos pontos determinantes para o surgimento de facções jihadistas cada vez mais radicais, como o Estado Islâmico.
O Sinai foi devolvido por Israel ao Egito em 1979 após a assinatura de um tratado de paz entre os dois países.
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