O Comitê Central da União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica (ZANU-PF), do presidente Robert Mugabe, decidiu expulsá-lo da liderança do partido neste domingo (19), substituindo-o pelo ex-vice-presidente, Emmerson Mnangagwa. Além de Mugabe, a legenda também expulsou a primeira-dama, Grace Mugabe , e outros muitos aliados da base.
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Mnangagwa foi destituído da vice-presidência na semana passada, depois da pressão realizada pela facção vinculada à primeira-dama, que ambicionava suceder seu marido no poder. A escolha pelo ex-vice-presidente para a liderança da ZANU-PF aconteceu durante uma reunião extraordinária do principal órgão executivo do partido, logo após a retirada do apoio a Robert Mugabe feita pelas seções provinciais.
Com a decisão de hoje, a ZANU-PF encerra a liderança do seu fundador, que governou o Zimbábue por 37 anos. Antes da reunião extraordinária, o presidente do Comitê Central do partido, Obert Mpofu, se referiu a ele como “um presidente em fim de mandato”, ainda elogiando a intervenção das Forças Armadas, que segundo ele “abrem uma nova era, não só para o partido, mas também para o país”.
Mpofu afirmou que o presidente “tinha feito um grande trabalho até que Grace e seus parceiros se aproveitaram dele quando envelheceu”. Mais cedo, as alas jovens do ZANU-PF , que até então apoiavam o casal, se manifestaram pedindo a renúncia do governante e a expulsão da primeira-dama. De acordo com a imprensa local, a sessão parlamentar para encerrar o mandato do presidente pode acontecer até a próxima terça-feira (21).
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Mugabe tem 93 anos e é o presidente mais velho em atividade do mundo.
'Festa de expulsão'
Ontem (18), dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas do Zimbábue em protesto contra o presidente Robert Mugabe. No centro da capital Harare, os cidadãos dançavam, cantavam, vibravam e seguravam cartazes pedindo para que ele deixe o cargo. Ao mesmo tempo, em entrevista à agência de notícias Reuters , o sobrinho do presidente, Patrick Zhuwao, afirma que o tio e a esposa, de 52 anos, estão “prontos para morrer pelo que é correto”. Ambos não teriam nenhuma intenção de deixar o poder ou o país.
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*Com informações da Agência Brasil e Agência Ansa