Nos anos 1980, tempos do governo do presidente norte-americano Ronald Reagen, os Estados Unidos eram uns dos principais defensores dos ideiais do neoliberalismo - abertura total de mercado, presença mínima do Estado e foco em crescimento ecônomico. Já a China , vivia seus primeiros passos de abertura para o exterior, após mais de 40 anos fechada para o mundo em seu governo socialista. No entanto, nesta sexta-feira (10), os papéis que os dois países ocuparam parecem ter "se invertido".
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Durante a conferência da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico ( Asia-Pacific Economic Cooperation , em inglês), realizada no Vietnã, o atual presidente dos EUA, Donald Trump , foi enfático ao dizer que ele sempre “colocará os Estados Unidos em primeiro lugar”, em um sinal claro de proteção ao mercado do país e fim de acordos econômicos muito abrangentes. Já o líder chinês, Xi Jinping , defendeu a globalização e um cenário sem muitas barreiras.
Em um discurso diante de líderes de vários países asiáticos e empresários do mundo todo, Trump prometeu deixar as portas norte-americana abertas: “Farei acordos bilaterais de comércio com países Indo-Pacíficos e que queriam se submeter aos princípios do que é justo e troca recíproca”.
No entanto, em seguida, foi enfático: “O que não faremos é entrar em acordos maiores, que amarrem nossas mãos, entreguem nossa soberania [...]; atuaremos na base de respeito mútuo e benefício mútuo”, afirmou o líder.
Isso faz referência ao fato de, no início de seu mandato, o republicano ter desistido de um acordo comercial entre países da região do Pacífico, o Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica ( TPP, em singla em inglês), algo similar ao Mercosul, do qual o Brasil faz parte. A desistência fez com que o outros países da região tenham tido dificuldade de fechar o negócio.
E sem citar diretamente a China, país que alcançou posição de segunda maior potência econômica do mundo nos últimos 30 anos, ele esclarece que “todos devem jogar conforme as regras, mas não o fazem”.
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“Aqueles que não [jogam conforme as regras] podem ter certeza que não faremos vista grossa para violações, trapaças e agressividade econômica”, resume, em um tom duro, o mandatário norte-americano.
Veja um trecho do discurso (em inglês):
The United States is prepared to work with each of the leaders in this room today to achieve mutually beneficial commerce that is in the interests of both your countries and mine. That is the message I am here to deliver today. #APEC2017 pic.twitter.com/CM3Hqt16A8
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 10 de novembro de 2017
Já Xi Junping, em um discurso horas mais tarde, afirmou que "ao longo das últimas décadas, a globalização econômica contribuiu significativamente para o crescimento global. Na verdade, tornou-se uma tendência histórica irreversível".
Atualmente, uma das principais reclamações nos Estados Unidos é a saída de fábricas e montadoras no meio oeste americano para áreas onde a mão de obra é mais barata, como na Ásia. Isso teria gerado desemprego no país, apontam economistas, além de ter sido um dos principais motivos para a campanha presidencial de Trump ser bem sucedida, já que o republicano prometeu reverter a situação.
Hoje, Xi reafirmou a intenção do governo chinês de que não retardará seus passos na abertura própria. "Trabalharemos em conjunto com outros países para criar novos fatores de desenvolvimento comum”, confirmou.
E em uma fala que poderia parecer impensável há décadas na China, um país que oficialmente ainda se autoproclama comunista e onde só existe um único partido político, Xi afirmou: "Vamos adotar políticas para promover altos padrões de liberalização e facilitação de comércio e investimento”.
Acordo entre países do Pacífico
O Apec foi fundado em em 1989, e os EUA aderiram já na presidência do ex-presidente George Bush (pai), sucessor alinhado com Reagen. A China aderiu em 1991, período em que já desenvolvia sua práticas de entrada no merdado mundial. A ideia do bloco é criar uma zona de livre comércio em 2020.
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Além das potências lideradas por Donald Trump e por Xi, também compõem o bloco a Austrália, o Canadá, a Rússia, o Chile, além de vários países asiáticos, como Coreia do Sul, Japão e Vietnã. O bloco representa mais da metade do PIB mundial e tem um mercado de 2,85 bilhões de consumidores.
*Com informações da Agência Brasil