Expulsa do Mercosul, Venezuela liberta da cadeia líderes da oposição

Eles estavam presos há mais de um ano; liberação vem na mesma semana em que o país foi expulso do bloco comercial da América do Sul

O prefeito Delson Guarate discursa em uma manifestação, antes de sua prisão, em agosto de 2016
Foto: Reprodução/Twitter
O prefeito Delson Guarate discursa em uma manifestação, antes de sua prisão, em agosto de 2016

Os opositores ao governo venezuelano Yon Goicoechea e Delson Guárate foram liberados da prisão nesta sexta-feira (3), onde estavam encarcerados por medidas cautelares, informaram fontes da Vontade Popular (VP), partido liderado pelos dois.

Guárate usou sua própria conta do Twitter para informar da sua libertação da prisão da Venezuela . "Estou em liberdade", escreveu, sem dar maiores detalhes.

Guárate, prefeito do município de Mario Briceño, no estado de Aragua, foi preso às vésperas de uma manifestação, no dia 1º de setembro de 2016, em Caracas, pelo Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin), acusado de "financiamento ao terrorismo" e "formação de quadrilha".

Seus familiares denunciaram que durante o período que esteve preso, perdeu mais de 20 quilos e agravaram sua diabetes e hipertensão arterial, por isso solicitaram ao governo de Maduro que lhe fosse concedido uma medida humanitária.

Já Goicoechea foi preso em agosto de 2016, por supostamente planejar ações contra o governo de Nicolás Maduro . Ele é cidadão espanhol.

Saída do Mercosul

A liberdade dos dois vem na mesma semana em que a Venezuela recebeu o aviso de que está fora do Mercosul.

Os quatro países fundadores do Mercosul - Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai - enviaram uma "comunicação" à Venezuela na última quinta-feira (1º), indicando que os direitos do país no bloco "estão suspensos". A decisão do bloco ainda não foi oficialmente anunciada porque Caracas ainda não recebeu a notificação.

A ação foi tomada pois venceu o último prazo acordado em setembro para que Caracas cumprisse suas obrigações de adesão ao Mercosul. Mesmo que na última terça-feira (29), a Venezuela se declarou disposta a aderir a um dos acordos comerciais pendentes - aquele relacionado às tarifas comuns e à livre circulação de bens.

O Mercado Comum do Sul (Mercosul) foi fundado em 1991 e aceitou a Venezuela como membro em 2012, depois que o Paraguai foi suspenso por causa do impeachment de Fernando Lugo. No entanto, com a subida ao poder de governo líberais na Argentina e Brasil, o país liderado por Nicolás Maduro passou a se isolar do restante do bloco.

A Venezuela atravessa há anos uma grave crise política, com prisão de opositores e confrontos violentos entre governistas e críticos ao governo, além de problemas econômicos.

Também nesta semana, a Venezuela registrou em outubro uma inflação de 50,6% em relação ao mês anterior, entrando tecnicamente em hiperinflação.  Os dados foram divulgados pela Econométrica, empresa privada que oferece periodicamente um cálculo de inflação no país, já que o Banco Central não divulga mais o índice.

*com informações da Agência Brasil