Uma multidão de aproximadamente 300 mil pessoas se reúne no centro de Barcelona nesta terça-feira (3), protestando contra a reação violenta dispensada pelas forças de segurança da Espanha durante a votação do referendo pela independência da Catalunha ocorrida no último domingo (1).
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As centenas de milhares de manifestantes demonstram desaprovação pelo tratamento recebido pela polícia da Espanha, que tentou evitar que a votação – proibida pelo governo do país – acontecesse. Imagens de agentes de segurança arrastando cidadãos, em Barcelona
, para fora dos locais de votação foram amplamente divulgadas pela imprensa local e agências internacionais.
Por causa dos protestos hoje, lojas foram fechadas, universidades suspenderam aulas e as companhias de trânsito reduziram os serviços, uma vez que aqueles que apoiam a independência tentam manter a validade do referendo, apesar da negativa do governo espanhol, que já se manifestou contra a legalidade dos votos.
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— Jota Jordi (@jotajordi13) 3 de outubro de 2017
Enfrentando a maior crise política da Espanha em décadas, o primeiro-ministro, Mariano Rajoy, tenta manter um diálogo com os partidos de oposição em Madri. Rajoy afirmou que não reconhecerá o referendo e que sua ilegalidade é indiscutível. Contudo, o premiê ainda não se manifestou sobre qual será a maneira com que irá lidar com a situação – e a onda de protestos no país. Nesse contexto, o Parlamento Europeu deve fazer um debate sobre a crise na tarde desta terça-feira, reunindo líderes de vários partidos.
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Uma opção para o problema foi defendida por Albert Tivera, líder do partido Ciudadanos, é o artigo 155, que prevê, em caso de descumprimento da lei ou proteção do interesse geral do país, que o governo poderá forçar uma comunidade autônoma a cumprir suas obrigações, desde que haja prévio requerimento ao presidente da comunidade e que este, por sua vez, não atenda às recomendações.
Ainda segundo o texto, se a comunidade autônoma não cumprir as obrigações constitucionais e de leis impostas, atuando de maneira prejudicial ao interesse geral da Espanha, com a aprovação por maioria absoluta do Senado, o governo poderá adotar as medidas necessárias para o cumprimento forçado de tais obrigações.
“As ruas serão nossas”
O governo da Catalunha insiste que o referendo de domingo, em que 90% dos votos foram favoráveis à independência catalã, foi válido e afirma que iniciará o processo de transição. No entanto, restam dúvidas de como isso será feito, já que o referendo não foi ainda validado pelo parlamento. Ontem, ele pediu apoio da comunidade internacional para mediar e resolver a crise no país.
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“Deve-se restaurar a normalidade institucional alterada por decisões desproporcionadas do governo espanhol; a violência policial e a restrição das liberdades devem ser interrompidas, e deve ser criado um clima de distensão que favoreça essa mediação que deve ser leal e sincera”, clamou Carles Puigdemont nesta segunda.
O presidente catalão ainda afirmou que espera que a União Europeia se envolva como mediadora do conflito que não é, para ele, doméstico e sim europeu. "É um grito, não só ao nível da Catalunha ou do Estado, mas também internacional, que há uma necessidade de mediação", para a qual "devemos estar preparados, e o Governo espanhol também, e se aparecem atores que se prestam e podem facilitar, será irresponsável não aproveitá-lo".
Manifestantes em Barcelona afirmam que a motivação dos protestos é a violência policial. “Estes são protestos contra a violência policial e pela manutenção do referendo”, afirmou o bombeiro Victor Noguer, de 27 anos. “As ruas sempre serão nossas”, grita a multidão enfurecida.
*Com informações da CNN e da Agência Brasil