Crise em Myanmar gera mais de 160 mil refugiados em duas semanas

Petição online pede para que Nobel retire prêmio da líder do governo, que 'não fez nada para parar os crimes contra a humanidade no seu país'; entenda

Crise em Myanmar se agrava e 160 mil rohingyas muçulmanos fogem do país para Bangladesh
Foto: Reprodução/Times of India
Crise em Myanmar se agrava e 160 mil rohingyas muçulmanos fogem do país para Bangladesh

Mais de 164 mil muçulmanos rohingyas se viram obrigados a fugir de Myanmar para Bangladesh em uma crise que se agrava cada dia desde o dia 25 de agosto. As informações são da Organização das Nações Unidas ( ONU ) e foram divulgadas na tarde desta quinta-feira (7). 

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De acordo com a entidade, nos próximos dias, esse número pode chegar a 300 mil. O que acontece em Myanmar é uma violência extrema contra a minoria étnica e religiosa rohingya. O principal palco da violência tem sido o estado de Rakhine, no oeste da nação de 52 milhões de habitantes.

Por conta das perseguições sofridas e pela falta de infraestrutura básica para eles, muitos fogem "doentes ou feridos" em busca da segurança no país vizinho.

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Um pouco da história do país

Por volta de 1 milhão de rohingya vivem no país, que tem maioria religiosa budista. Além disso, 68% dos habitantes de lá são da etnia bamar.

Historicamente, os royingya, que são muçulmanos, são considerados imigrantes ilegais de Bangladesh e, por isso, não têm direito à cidadania e sofrem discriminação, por exemplo, no acesso ao sistema público de educação ou mesmo em empregos no funcionalismo público.

De acordo com a ONU, os rohinngya são um dos povos mais perseguidos em todo o mundo. As tensões étnico-religiosas datam do golpe militar de 1962, mas explodiram a partir de 1982, com o decreto presidencial que criou as "oito etnias oficiais" do país, que, além de excluir os rohingya, confinou a minoria à região de Rakhine .

Além disso, a nação esteve 50 anos sob uma ditadura militar, mas hoje vive em uma dita democracia. Com esse êxodo para o vizinho Bangladesh, despertaram-se acusações de graves violações de direitos humanos por parte da ONU.

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Também por conta das críticas à gestão de Myanmar sobre a crise, uma petição online pede que o Comitê do Nobel da Paz retire o prêmio dado para a líder do país Aung San Suu Kyi. Mais de 370 mil pessoas já assinaram o documento online, que justifica a retirada do prêmio porque ela "não fez nada para parar os crimes contra a humanidade no seu país".

* Com informações da Agência Ansa.