A Organização das Nações Unidas (ONU) responsabilizou o regime de Bashar al-Assad na Síria pelo massacre ocorrido no noroeste do país em abril deste ano
. Na ocasião, 83 pessoas morreram – entre elas 30 crianças – após bombardeio com gás químico em Khan Shaykun, na província de Idlib, região controlada por rebeldes.
A Comissão de Investigação das Nações Unidas informou em relatório que as investigações acerca do episódio indicaram que o bombardeio foi conduzido por aviões da Força Aérea da Síria . "Entrevistas e relatórios de alerta indicam que um avião Sujoi 22 (Su-22) fez quatro ataques aéreos em Jan Shijun, às 6h45 (hora local)", aponta o documento. "Somente as forças sírias operam esse tipo de avião", concluem os investigadores.
Foram encontrados restos da bomba, mas a comissão da ONU ainda não determinou o tipo exato da arma química utilizada. "As partes são consistentes com bombas de gás sarin produzidas pela antiga União Soviética na classe de bombas de 250 quilogramas, que teria aproximadamente 40 quilogramas de sarin, dependendo da munição utilizada", diz o documento, conforme reportou a agência EFE .
A Comissão de Investigação da ONU levou em conta as conclusões da missão de investigação da Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq), que disse que as vítimas tinham sido expostas a gás sarin ou uma substância parecida ao sarin, mas fez suas próprias investigações de maneira independente.
Neste contexto, chegou à conclusão de que efetivamente os "sintomas sofridos pelas vítimas é consistente com a exposição de gás sarin", o que supõe um crime de guerra, uma vez que a substância é proibida em diversos tratados internacionais.
À época do ataque, autoridades da Turquia que ajudaram no socorro às vítimas afirmaram que as pessoas que estavam na região bombardeada setiram-se sufocadas e apresentaram sintomas como secreção nasal
, encolhimento da íris, dor e espasmos em geral.
Situação que se repete
Essa não é a primeira vez que o regime de Bashar al-Assad é acusado de promover ataques com substâncias proibidas. No ano passado, outra investigação promovida pela ONU confirmou que houve uso de armas químicas durante os embates entre forças do governo e rebeldes sírios entre os anos de 2014 e 2015.
O episódio mais trágico e notável envolvendo substâncias proibidas, no entanto, data de 2013. Na ocasião, o governo da Síria utilizou gás sarin para bombardear opositores e deixou ao menos 1.400 mortos em Ghouta , nas proximidades de Damasco. Após o episódio, a Síria sinalizou interesse em aderir à Convenção internacional de Armas Químicas.
O conflito armado na Síria foi iniciado em 2011 e, desde então, mais de 470 mil pessoas morreram, de acordo com estimativas do Centro Sírio para Pesquisas Políticas. Segundo a ONU, a guerra também levou cerca de 10 milhões de sírios a cruzarem a fronteira do país em busca de paz.
*Com informações da Agência Brasil