Mercosul decide suspender a Venezuela por tempo indeterminado

Chanceleres do bloco se reuniram neste sábado (5) em São Paulo; decisão foi baseada em "ruptura da ordem democrática" pelo governo Nicolás Maduro

Diplomacia brasileira chegou a convidar a Venezuela para reunião no Mercosul, mas não houve resposta
Foto: Divulgação
Diplomacia brasileira chegou a convidar a Venezuela para reunião no Mercosul, mas não houve resposta

Em reunião na manhã deste sábado (5), os chanceleres de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai decidiram suspender a Venezuela do Mercosul por tempo indeterminado por “ruptura da ordem democrática” e desrespeito ao Protocolo de Ushuaia. O encontro foi realizado na Prefeitura de São Paulo.

Leia também: Mesmo com rejeição, Assembleia Constituinte toma posse na Venezuela

“É uma sanção grave de natureza política”, enfatizou o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira. A partir da medida, os países membros do bloco esperam isolar o governo de Nicolás Maduro. “É um elemento a mais que nós estamos colocando para que a Venezuela possa, mediante a luta do seu povo, ter o direito de voltar a participar do Mercosul ”, acrescentou o chanceler brasileiro em entrevista coletiva após a reunião.

A reunião foi convocada de maneira extraordinária pelo Brasil, que ocupa a presidência rotativa do bloco, após a Venezuela promover eleição para a Assembleia Nacional Constituinte, no último domingo (30). O pleito foi rejeitado por boa parte da comunidade internacional por ser considerado uma manobra do presidente Nicolás Maduro contra o Parlamento do país, formado, em sua maioria, por oposicionistas.

Após assumir a presidência pró-tempore do bloco, a diplomacia brasileira, chegou a convidar Maduro e membros da oposição venezuelana para virem a São Paulo, em uma tentativa de intermediar o diálogo. No entanto, não obteve resposta.

Leia também: Donald Trump impõe sanções contra Maduro após eleições da Constituinte

Na sexta-feira (4), o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira disse, por meio de sua conta no Twitter, que o Brasil vai pedir a suspensão da Venezuela. "É intolerável que nós tenhamos no continente sul-americano uma ditadura. Houve uma ruptura da ordem democrática na Venezuela", disse.

A presidente da Assembleia Nacional Constituinte venezuelana, a governista Delcy Rodríguez convocou para hoje (5) a primeira sessão do poder "plenipotenciário" para iniciar o processo que reformará a Constituição e reordenará o Estado. Delcy também acusou a oposição de espalhar ideias falsas sobre o que acontece no país e garantiu que "na Venezuela não há fome, na Venezuela há vontade aqui não há crise humanitária, aqui há amor".

Suspensão

Em dezembro, a Venezuela  foi suspensa do bloco por não incorporar à sua legislação normas básicas de funcionamento do grupo, como a adoção da Tarifa Externa Comum (TEC). Trata-se, portanto, de uma nova suspensão.

Leia também: União Europeia não reconhece Assembleia Constituinte na Venezuela

Em declaração conjunta divulgada após o último encontro dos estados-membros do Mercosul, realizado em julho, em Mendoza, na Argentina, os países do bloco, além de Colômbia, Chile, Guiana e México, pediram à Venezuela o restabelecimento da ordem institucional e a retomada do diálogo entre a oposição e o governo de Nicolás Maduro . Na ocasião, os países reiteraram sua "profunda preocupação com o agravamento da crise política, social e humanitária" na Venezuela, fazendo "um apelo urgente pelo fim da violência no país e pela libertação de todos os detidos por razões políticas".


* Com informações da Agência Brasil e da Ansa