A administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou, nesta segunda-feira (15), o governo da Síria de executar em massa prisioneiros de uma penitenciária militar em Saydnaya, ao norte da capital de Damasco.
Leia também: Governo sírio lança mais de 200 projéteis contra rebeldes
De acordo com o Departamento de Estado norte-americano, as autoridades do governo da Síria , comandadas por Bashar al-Assad, enforcam cerca de 50 prisioneiros por dia e depois queimam os corpos para esconder as evidências.
O governo de Assad "caiu em um novo nível de desaprovação com o apoio da Rússia e do Irã", disse o enviado norte-americano para o Oriente Médio, Stu Jones.
Entenda a guerra
Em março, a guerra civil no teritório sírio entrou em seu sétimo ano. O atual conflito armado teve início em 2011, quando surgiram grandes protestos contra o regime do presidente Bashar al-Assad – que tratou de reprimir ferozmente esse levante.
Segundo o dirigente do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), Filippo Grandi, o país "está numa encruzilhada". Ao todo, 13,5 milhões de pessoas no país precisam receber ajuda humanitária, sendo que 6,3 milhões são deslocados internos.
O Acnur lembra que milhares de sírios fizeram viagens arriscadas por terra e mar em busca de segurança. Segundo a agência, quase três milhões de crianças sírias cresceram sem saber como é viver num local sem conflito , já que, quando nasceram, o país já estava em guerra.
Processo de paz
Ainda nesta segunda-feira (15), o enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Síria, Staffan de Mistura, disse ter confiança no compromisso do regime sírio para com as negociações que estão sendo desenvolvidas em Genebra visando buscar um acordo de paz com a oposição no país. A afirmação se deu em resposta às declarações no sentido contrário dadas pelo presidente sírio Bashar al-Assad. As informações são da agência EFE.
"Não quero fazer comentários a respeito das declarações feitas pelo presidente Assad. O que posso dizer é que sua delegação chegou (a Genebra) e tem a autoridade para ter conversas sérias", afirmou Mistura, em uma coletiva de imprensa na véspera do início da sexta rodada de negociações de paz.
Ao ser perguntado sobre as afirmações que Assad fez em entrevista à emissora bielo-russa ONT TV na qual ele disse que "não há nada de substancial nas reuniões de Genebra" e que são encontros "puramente para a imprensa", Mistura respondeu que a delegação estava em lá "para trabalhar".
"Por que o presidente Assad enviaria a Genebra, para várias rondadas, uma delegação de 15 ou 18 pessoas encabeçadas por um embaixador altamente experiente, como é o embaixador sírio perante a ONU, Bashar Jaafari, para abordar questões do processo político se não estivesse interessado e potencialmente envolvido no diálogo de paz?", questionou Mistura.
Quatro pilares
O mediador adjunto das Nações Unidas, Ramzy Ezzeldin Ramzy, que acaba de voltar de uma viagem a Damasco, explicou que o regime confirmou as quatro temáticas da agenda e disse que é possível progredir mais em uns do que em outros.
Os quatro pilares são: a criação de um governo crível, inclusivo e não sectário; estabelecer um calendário e processo para a elaboração de uma nova Constituição; promover eleições livres e justas supervisionadas pela ONU; e promover uma governança de segurança, o combate ao terrorismo e medidas de criação de confiança.
Leia também: Bombardeio dos EUA abre novo capítulo na guerra da Síria; entenda o conflito
"O que escutei em Damasco é que eles abordarão de maneira construtiva qualquer proposta que façamos e não tenho nenhum motivo para duvidar disso quando nos reunirmos com os representantes do governo sírio amanhã. Eles estão envolvidos no processo de Genebra e nos disseram que querem trabalhar conosco no processo político", informou Ramzy.
Staffan de Mistura explicou que todos os convidados estarão na sexta rodada de negociações. Ou seja, o governo da Síria e as oposições política e militar que já participaram dos encontros anteriores. O objetivo desta nova rodada – que começará na terça-feira (16) e terminará na próxima sexta-feira ou sábado, dependendo dos avanços – é entrar em um diálogo mais "pragmático", mas ainda indireto com as partes e retomar o diálogo após a pausa do início do Ramadã (mês durante o qual os muçulmanos praticam o seu jejum ritual).
* Com informações da Ansa e da Agência Brasil