Referendo na Turquia decide ampliar poderes de Erdogan, que comemora a vitória

Eleitores foram convocados a votar pela reforma de um pacote de 18 artigos da Constituição, proposta realizada pelo governo – e que muda o atual sistema de democracia parlamentar para um sistema presidencialista

'Mudança servirá para acelerar o desenvolvimento e definir o futuro da Turquia', defende Erdogan
Foto: Anadolu Agency
'Mudança servirá para acelerar o desenvolvimento e definir o futuro da Turquia', defende Erdogan




A Turquia votou e decidiu: Recep Tayyip Erdogan ganhará mais poderes. A contagem de votos do referendo realizado no país (e entre turcos que moram no exterior) terminou por volta das 21h30 locais (15h30 em Brasília), revelando o resultado de 51,34% favoráveis à proposta do governo. Com isso, o país passa a adotar o sistema presidencialista. 

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A participação popular teve alcance de 85% do censo eleitoral da Turquia . Logo depois do final da contagem dos votos, o presidente teria telefonado para líderes de partidos, parabenizando a todos "pela vitória", segundo afirmou a agência de notícias estatal "Anadolu". A oposição já contestou os resultados da votação, requerendo a recontagem dos votos. 

Centenas de apoiadores do regime do mandatário estão em frente ao prédio sede do partido de Erdogan, celebrando a vitória do "sim". 

Os eleitores foram convocados a votar pela reforma de um pacote de 18 artigos da Constituição, proposta realizada pelo governo – e que muda o atual sistema de democracia parlamentar para um sistema presidencialista, mais semelhante a uma espécie de “presidência executiva” bastante poderosa. Dependendo dos resultados do referendo, o governo turco poderá redefinir suas relações com a União Europeia (UE).

Foto: Reprodução/Anadolu Agency
Oposição pede recontagem dos votos após presidente da Turquia confirmar vitória do 'sim' em referendo

Nas pesquisas anteriores sobre o referendo, foram encontrados resultados bastante apertados – com o “sim” e o “não” vencendo vez ou outra. A controvérsia aumentou ainda mais neste domingo depois que a Alta Junta Eleitoral anunciou que não aceitaria as cédulas em que estivessem faltando os selos de comissão de voto. Contudo, a diretoria mudou de ideia depois que a votação já estava em andamento, dizendo que aceitaria boletins não estampados "a menos que seja provado que já tenham sido trazidos de fora".

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Depois da decisão polêmica dos responsáveis, a oposição disse que a legitimidade do voto seria afetada. “A Alta Câmara Eleitoral alterou as regras após a votação ter começado. Há uma cláusula clara na lei eleitoral, dizendo que as cédulas não estampadas serão inválidas”, defendeu Bulent Tezcan, vice-presidente do Partido Popular Republicano, oposição ao governo.

Presidente e oposição

O presidente Recep Erdogan também participou do referendo, votando em Istambul. Depois de deixar seu voto, ele afirmou que a votação “para instaurar o sistema presidencial é histórico, e que a mudança servirá para acelerar o desenvolvimento e definir o futuro do país”.

Entusiasta da reforma constitucional, o presidente enfatizou bastante sua defesa sobre um possível desenvolvimento do país, equiparando tal mudança com a conquista dos objetivos de Mustafa Kemal Atatürk, o fundador da moderna república laica.

"Com esta mudança nosso povo decidirá por um salto em seu desenvolvimento. Temos que fazer uma eleição fora do comum para atingir o objetivo de Mustafa Kemal Atatürk de alcançar as civilizações contemporâneas", acrescentou.

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Mais cedo, o líder do opositor Partido Republicano do Povo (CHP, social democrata), Kemal Kiliçdaroglu, disse que estava confiante em uma vitória do "não". "Tivemos uma boa campanha. Estamos votando o destino da Turquia. Estou contente e confio em que tenhamos um bom resultado e então tratemos de solucionar os problemas do país", disse após votar.

*Com informações da “CNN” e Agência Brasil