"Tantas mulheres e tão pouco tempo": presidente das Filipinas defende adultério

Rodrigo Duterte já afirmou publicamente que tem várias amantes e que usa Viagra para transar com todas elas; discurso do presidente recebeu críticas

Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, é conhecido por fazer afirmações polêmicas e receber crítica popular
Foto: Facebook/Reprodução
Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, é conhecido por fazer afirmações polêmicas e receber crítica popular

O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, recebeu fortes críticas após defender a prática do adultério, em um discurso televisionado. O comentário foi feito depois de um escândalo de traições envolvendo o presidente da Câmara dos Deputados, Pantaleon Alvarez, que admitiu ter casos extramatrimoniais.

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Duterte disse que o caso não é um problema e afirmou que, assim como Alvarez, tem várias esposas. “Esse é um mundo de hipocrisia. Quem entre vocês não tem uma amante?”, indagou em discurso na noite desta terça-feira (4). O comentário foi criticado porque o país é conservador e majoritariamente católico. Inclusive, nas Filipinas o divórcio ainda não foi legalizado.

“É sexista e misógino explicar um comportamento inadequado simplesmente pelo mérito de ser homem”, falou a senadora Risa Hontiveros sobre o caso. “Esse discurso passa uma mensagem que menospreza as lutas e os ganhos das mulheres em termos de direitos e igualdade de gênero”.

Alvarez, que ocupa o quarto cargo mais alto no país, é um velho amigo e aliado político de Duterte. O político chamou atenção na última semana depois de admitir publicamente ser pai de oito crianças, seis delas com mulheres que não são sua esposa.

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Em discurso direcionado a funcionários do governo, Duterte assumiu que seus comentários em defesa de Alvarez foram “uma declaração chauvinista”. “Mas sinceramente, existem tantas mulheres e temos tão pouco tempo nesse mundo. Meu Deus!”, disse, tirando risos da plateia. “A questão é que você precisa ser capaz de sustentar seus filhos. Só isso.”

O prefeito afirmou que, diferente de filipinos cristãos, que só podem ter uma esposa, ele “nunca se converteu ao cristianismo. Por isso não está preso a regras que determinam o número de mulheres com as quais você pode se casar”. Filipinos criticaram a declaração e disseram que, enquanto muçulmanos podem se casa quantas vezes quiserem, adultério é crime.

Aos 72 anos, Duterte foi casado uma vez e teve seu matrimônio anulado. Agora, ele está em um longo relacionamento com outra mulher, mas já declarou publicamente que tem amantes e que usa Viagra para transar com elas. “Quem não tem direito à felicidade? Pergunte a esses legisladores quantos deles tem duas, três ou quatro amantes”, disse em seu primeiro comentário sobre a traição de Alvarez, no domingo (2).

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Para a presidente do partido das Mulheres Socialistas Democráticas, Elizabeth Angsioco, a defesa de Duterte ao adultério parece ser uma questão de dois pesos e duas medidas. “Esses são homens em posição de poder então é inaceitável e assustador que eles tratem desses assuntos de forma tão leve. Isso é perigoso”.

Eleições

Duterte foi eleito presidente das Filipinas em 2016 principalmente por causa de sua promessa de matar centenas de milhares de traficantes de drogas e outros criminosos. Durante sua campanha, foi criticado por embaixadores dos Estados Unidos e da Austrália depois de afirmar que gostaria de ter estuprado uma missionária australiana que foi morta em 1989 na província onde Duterte era prefeito.