Em razão dos violentos confrontos que ocasionaram a morte de um manifestante em Assunção, na capital do Paraguai, o presidente Horacio Cartes anunciou a demissão do ministro do Interior, Tadeo Rojas, e do comandante da polícia, Crispulo Sotelo. Os confrontos ocorreram na última sexta-feira (31).
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Os protestos foram realizados em resposta à aprovação no Senado de uma emenda constitucional que permite ao chefe de Estado concorrer a um segundo mandato, possibilidade hoje vetada pela lei vigente no Paraguai .
Na ocasião, manifestantes invadiram o Congresso e atearam fogo em objetos. Durante os confrontos com os policiais, Rodrigo Quintana, de 25 anos, líder da juventude do PLRA (Partido Liberal Radical Autêntico), de oposição ao governo, morreu baleado na cabeça. Além da vítima fatal, há registro de que outras dezenas de pessoas tenham se ferido, entre elas policiais, parlamentares e manifestantes.
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O novo ministro do Interior, Lorenzo Dario Lezcano, garantiu à imprensa que as circunstâncias da morte serão esclarecidas "o mais rápido possível".
Aprovação da emenda
A proposta de emenda constitucional foi aprovada em uma "sessão paralela", nas dependências da Frente Guasú, do ex-presidente, Fernando Lugo , e sem a presença dos outros 20 senadores e do presidente do Senado, Roberto Acevedo. Para isso, o regulamento da Casa, que previa uma maioria de 30 votos para aprovar a medida, foi alterado.
A mudança teve o apoio de parlamentares governistas e de parte da oposição. Para os governistas, integrantes do Partido Colorado, o objetivo é permitir que o atual presidente possa concorrer às eleições de 2018. Por outro lado, os membros da oposição desejam que Lugo possa fazer o mesmo.
O Partido Liberal, o maior da oposição, e outras forças opositoras, consideram que a emenda que faculta um segundo mandato presidencial deve ser considerada anticonstitucional. Neste sábado (1º), a medida deverá ser ratificada pela Câmara dos Deputados, comandada por governistas.
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Neste domingo, o prefeito de Assunção, Mario Ferreiro, afirmou que a retirada da emenda é a única solução para pacificar o Paraguai. Caso contrário, as tensões no país podem piorar, em sua opinião. Pelas redes sociais, internautas criaram uma campanha para pressionar o governo a revogar a medida.
* Com informações da Ansa