Um indiano cortou a garganta de sua filha de 15 anos com um cutelo e despejou o corpo em frente à casa do suposto namorado da garota por causa do relacionamento não aprovado entre os dois adolescentes em mais um dos chamados "crimes de honra".
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O namorado supostamente entrou escondido na casa da garota em Muzaffarnagar, no norte da Índia, na terça-feira (21), mas foi pego pela mãe, que chamou a polícia. Quando ficou sabendo do incidente, o pai voltou para casa e matou a adolescente. “Nós o prendemos pelo assassinato ”, afirmou um oficial de polícia.
Ambas as famílias não aprovavam o namoro porque eles eram da mesma casta. Alguns indianos veem relacionamentos entre pessoas do mesmo grupo religioso como incesto, mesmo que não haja conexão genética.
Inúmeras mortes na Índia são causadas por crenças quanto a relacionamentos entre pessoas da mesma casta ou inter-religiosos. No mesmo dia do crime, um outro casal jovem se suicidou por causa da pressão por seguirem religiões diferentes.
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"Crime de honra"
Um relatório da ONU aponta que um quinto das mortes por "crime de honra" em todo o mundo acontece na Índia. A prática é tradicional no país há séculos, principalmente nas zonas rurais, onde supostos transgressores se refugiam.
O "crime de honra" acontece quando familiares matam um de seus parentes. Normalmente acontece quando os autores do crime acreditam que a vítima causou desonra ou vergonha à família ou violou os princípios de uma comunidade ou religião.
Os casos mais comuns vitimam pessoas que se recusam a entrar em um casamento arranjado, que se envolvem em relacionamentos desaprovados, que fazem sexo fora do matrimônio, que tem relações homossexuais ou renegam uma religião.
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Também pode ser considerado um crime contra a mulher porque, além de elas serem as principais vítimas, também são mortas quando são estupradas, que se vestem de forma considerada inapropriada e mulheres que pedem o divórcio.
Em 2011 a Suprema Corte da Índia determinou que aqueles que forem considerados culpados por assassinato decorrente de crime de honra deverão ser submetidos à pena de morte, que é legal no país.