A crise diplomática entre Ancara e Berlim ganha mais um episódio neste domingo (19), depois de o presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan convocar o embaixador alemão para “dar explicação” acerca de uma manifestação pró-curdos realizada na cidade de Frankfurt, na Alemanha, neste sábado (18).
Segundo o governo da Turquia, a convocação do embaixador alemão se faz necessária já que os protestos pró-curdos reuniram cerca de 30 mil pessoas. “A Alemanha colocou seu nome em um novo escândalo”, defendeu o porta-voz da Presidência turca, Ibrahim Kalin.
A questão dos curdos é muito polêmica para as relações internacionais, porque o governo de Recep Erdogan os classifica como “organizações terroristas”, especialmente aqueles relacionados ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em turco). Isso porque os militantes do partido realizam ataques contra os militares turcos, armando emboscadas no país.
Contudo, para a comunidade internacional, os curdos são essenciais – uma vez que ajudam no combate a grupos terroristas, como o Estado Islâmico e o Frente al-Nusra, na Síria, na fronteira com a Turquia. Assim, os países ocidentais não os consideram terroristas, mas apenas um “grupo minoritário que busca a independência de Ancara”.
Leia também: Em primeira visita de Merkel à Casa Branca, Trump recusa aperto de mãos oficial
Além da questão do protesto realizado em Frankfurt, o presidente turco acusou a chanceler da Alemanha de “apoiar terroristas”, em referência ao caso da prisão do jornalista turco-alemão Deniz Yucel, do jornal “Die Welt”, preso em fevereiro deste ano, na Turquia. Quando o profissional foi detido, Merkel se posicionou de maneira crítica, afirmando esperar “um tratamento justo e leal” da Justiça e do governo.
Leia também: “Estou aqui para morrer por Alá”, disse homem responsável por ataque em Paris
A prisão do jornalista, porém, é apenas um dos fatos que envolvem a tensão entre os dois países. O veto de comícios políticos turcos em território alemão e a participação de ministros de Erdogan nos eventos também geraram críticas de ambos os lados. Em resposta a isso, Erdogan chegou a dizer que a Alemanha agiria de maneira nazista, do mesmo modo que anos atrás. Angela Merkel respondeu firmemente que “não aceitava” esse tipo de comparação, uma vez que isso “banaliza o sofrimento e as mortes” causados pelo partido de Hitler durante os anos em que esteve à frente do país.
*As informações são da ANSA.