Posse de Trump deve ter protesto com 'maconhaço' e apoio de motoqueiros

Órgãos de segurança dos Estados Unidos estimam público de 1 milhão de pessoas e manifestações pelo país durante posse do político no dia 20

Milhares de manifestantes contrários e favoráveis ao presidente-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, devem ocupar as ruas da capital americana para acompanhar a cerimônia de posse, no próximo dia 20 de janeiro, e diversas atividades relacionadas ao longo da semana.

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Donald Trump deve enfrentar protestos durante a sua posse, em 20 de janeiro
Foto: Divulgação
Donald Trump deve enfrentar protestos durante a sua posse, em 20 de janeiro


Além dos desafios normalmente enfrentados em um evento dessa magnitude, com público estimado em 1 milhão de pessoas e presença de autoridades de vários países, as diversas agências responsáveis pela segurança na cerimônia se preparam para um número recorde de manifestações.

Segundo o Serviço Nacional de Parques, agência federal responsável por conceder permissão oficial para a realização de protestos na capital americana Washington, o número de pedidos, que costumava ser de meia dúzia em posses anteriores, já chega a 30 neste ano.

Há desde grupos de motoqueiros, que pretendem demonstrar apoio ao novo presidente, até protestos pelos direitos dos imigrantes, contra guerra, racismo e violência policial. Ativistas em defesa da maconha planejam distribuir 4,2 mil baseados durante o discurso de Trump.

Mas a principal manifestação deve ser a Marcha das Mulheres, que pretende reunir mais de 100 mil pessoas no dia seguinte à posse. De acordo com a prefeita de Washington, Muriel Bowser, pelo menos 3 mil policiais de outros Estados e 5 mil integrantes da Guarda Nacional irão reforçar o policiamento nas manifestações.

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"Nosso objetivo é sempre assegurar que as pessoas possam vir, manifestar seus direitos de maneira pacífica e dentro da lei, independentemente do tema (da manifestação), e garantir que todos voltem para casa em segurança no fim do dia", disse o diretor de segurança interna de Washington, Chris Geldart, em entrevista coletiva.

Mulheres

Ao fim de uma campanha presidencial marcada pela retórica agressiva e que evidenciou a profunda polarização no país, a vitória do republicano Trump sobre a democrata Hillary Clinton, nas eleições de novembro, já havia sido recebida com protestos em diversas cidades. Agora, durante a posse, manifestantes vindos do país inteiro planejam marcar presença em Washington.

A maior dessas manifestações deve ser a Marcha das Mulheres sobre Washington, que recebeu permissão para reunir até 200 mil pessoas no dia 21. Além do evento na capital, serão realizadas marchas simultâneas em mais de 200 cidades nos Estados Unidos e no exterior.

O movimento nasceu na internet, de maneira espontânea, em reação à vitória de Trump, que durante a campanha fez comentários considerados por muitos ofensivos contra mulheres, imigrantes, deficientes, muçulmanos e outras minorias.

Com o tempo, a ideia da marcha ganhou força e apoio de dezenas de ONGs e grupos de defesa de direitos reprodutivos, imigrantes, contra a guerra, Anistia Internacional e outros, além de nomes como a feminista Gloria Steinem e diversas celebridades.

As organizadoras afirmam que não é um "protesto anti-Trump", e sim uma demonstração em defesa dos direitos das mulheres, justiça social e direitos humanos.O objetivo, dizem, é enviar uma mensagem forte já no primeiro dia do novo governo "de que os direitos das mulheres são direitos humanos".

"A retórica do ciclo eleitoral insultou, demonizou e ameaçou muitos de nós - imigrantes de qualquer status, muçulmanos e aqueles de religiões diversas, pessoas que se identificam como LGBTQIA, indígenas, negros e marrons (termo que se refere a pessoas que não são consideradas nem negras nem brancas nos Estados Unidos, como os latinos), pessoas com deficiência, sobreviventes de agressão sexual - e nossas comunidades estão feridas e com medo", dizem as organizadoras no site do evento.

Maconha

Os manifestantes que planejam manifestações em Washington têm agendas diversas. No caso dos que defendem o relaxamento das restrições à maconha, o objetivo é chamar a atenção para o poder de Trump de legalizar completamente a erva.

Para isso, eles pretendem distribuir 4,2 mil baseados para serem acesos aos 4 minutos e 20 segundos do discurso de posse (o número 420 é um código que se refere ao consumo de maconha). O uso recreativo de maconha já é legal em oito Estados e no Distrito de Colúmbia (onde fica a capital, Washington). Em 28 Estados é permitido o uso medicinal.

Mas apesar dessas leis estaduais, a maconha continua proibida pela lei federal e está enquadrada na categoria reservada às drogas mais pesadas, como a heroína. Ainda não está claro como o governo Trump vai se posicionar sobre a questão.

"Nós acreditamos que Trump pode fazer o que Obama fracassou em fazer: legalizar totalmente a maconha", dizem os organizadores da manifestação, Adam Eidinger e Nikolas Schiller. "Trump pode ser o presidente que vai criar empregos, gerar impostos e consertar o sistema de Justiça criminal por meio da legalização total", afirmam. 

Motoqueiros

Além dos protestos em Washington, há diversas manifestações programadas em outras cidades durante a posse.

Em Seattle, manifestantes estão sendo convocados a marchar em um movimento contra "racismo, sexismo e islamofobia".

Em San Francisco, manifestantes pretendem criar uma corrente humana ao longo da ponte Golden Gate, em uma demonstração de união e para mostrar que "a retórica de ódio do presidente-eleito e de seu governo não será tolerada", segundo os organizadores. 

Do lado das manifestações de apoio ao novo presidente, uma das principais deve ser a do grupo de motoqueiros Bikers for Trump, que já havia chamado a atenção por sua participação da Convenção Nacional do Partido Republicano, que oficializou a escolha de Trump como candidato, em julho.

Durante a posse, o grupo pretende reunir 5 mil integrantes e suas motos na capital americana para "celebrar o presidente-eleito e encorajar uma transição pacífica".