Um dia após o portal "NBC News" ter afirmado que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, estaria pensando em comutar a pena de Chelsea Manning , a ex-soldado que foi condenada a 35 anos de prisão por ter revelado segredos dos EUA no site WikiLeaks, o fundador do site, Julian Assange, que vive em asilo político na Embaixada do Equador no Reino Unido desde 2012, comentou que, caso Manning tiver a pena diminuida ou anulada, se entregará.
O Twitter do WikiLeaks , site que publica informações sigilosas sobre o governo norte-americano, enviou uma mensagem nesta sexta-feira em que afirma que Assange se extraditaria para os EUA se Manning tivesse sua pena comutada. A soldado está presa na base naval de Quantico.
"Se Obama conceder a Manning clemência, Assange concordará com a extradição para os EUA mesmo que seja inconstitucional por parte do DOJ [Departamento de Justiça do país]", afirmou o tweet.
O australiano e porta-voz do WikiLeaks está, desde junho 2012, na embaixada do Equador em Londres, onde pediu asilo diplomático para evitar que fosse extraditado para a Suécia, onde é acusado de agressão sexual.
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Mais de uma vez, Assange comentou que seu real medo é, que se voltar para a Suécia, será extraditado logo em seguida para os Estados Unidos, onde é acusado de ter publicado milhares de documentos sigilosos do Exército norte-americano no WikiLeaks, que foram vazados por Manning.
Nesta quinta-feira (12), a possível comutação da pena da ex-soldado também foi comentada por Edward Snowden, ex-analista de serviços da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) e responsável pelo vazamento de outros milhões documentos sigilosos do governo dos Estados Unidos à imprensa.
"Senhor presidente, se você conceder um último ato de clemência antes de sair da Casa Branca, por favor: liberte Chelsea Manning. Você sozinho pode salvar a vida dela", afirmou Snowden em sua conta no Twitter.
Comutação
No ano de 2013, Manning havia pedido pela primeira vez o perdão ou a comutação da sua pena ao presidente, tentando reduzir seu tempo de encarceramento. A prisioneira, que entregou mais de 700 mil documentos sigilosos dos Estados Unidos ao Wikileaks, já tinha enviado uma carta ao democrata, assinada pelo advogado David Coombs, junto a um pedido da Anistia Internacional (AI).
Na época, o presidente norte-americano já havia recebido o total de 1.496 pedidos de indulto e 8.313 de penas alternativas a Manning. No último mês de dezembro, mais de 100 mil pessoas assinaram uma petição para que a sentença de Manning fosse comutada. Organizações do país, como a American Civil Liberties Union e outras ONGs LGBT, também apoiam a causa abertamente.
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Em 2010, Manning se declarou culpada das declarações, ao admitir ter vazado os documentos para a organização WikiLeaks. Ela pediu desculpas no tribunal pelos danos que suas ações causaram à população norte-americana e ao país e já cumpriu seis anos da sua pena, o que a ajudaria a receber a comutação de Obama. A ex-soldado tentou se suicidar duas vezes no último ano e fez uma greve de fome ao terem recusado que ela fizesse a cirurgia de mudança de sexo. Em setembro, no entanto, Manning conseguiu o aval do Exército para a cirurgia.
*Com informações da Ansa