Incêndios florestais têm tomado conta de diversas regiões do condado de Los Angeles , Califórnia , nos Estados Unidos . O fogo já destruiu bairros inteiros e matou pelo menos cinco pessoas.
Já foram registrados cinco focos de incêndio no estado, sendo o maior deles em Pacific Palisades, bairro de classe alta na região litorânea de Los Angeles. Mais de 13 mil residências encontram-se em áreas destruídas ou ameaçadas pelo fogo e 400 mil estão sem luz.
A área florestal consumida pelas chamas já ultrapassa os 13,8 mil hectares – área equivalente a 12.700 campos de futebol oficiais.
O modelo brasileiro Luca Castellani, que vivia em uma icônica mansão que já pertenceu ao cantor Jhon Lennon, viu sua residência ser consumida pelas chamas.
“A minha vida inteira trabalhei para comprar uma casa, e tudo se foi em apenas 20 minutos. É devastador ver todos os meus sonhos reduzidos a cinzas. São muitas famílias perdendo seus lares.”, conta Luca.
O presidente Joe Biden emitiu, nesta quarta-feira (08), uma Declaração Presidencial de Grande Desastre, liberando recursos extraordinários para o combate às chamas. A polícia local indica que se trata de um dos piores desastres já registrados em Los Angeles.
Por que o fogo está se espalhando tão rápido?
O clima da Califórnia é seco e propenso a incêndios nesta época do ano. Agora, os ventos de Santa Ana - característicos do Oeste dos Estados Unidos - estão potencializando as queimadas, removendo a umidade da vegetação e aumentando a velocidade com que o fogo se espalha.
De acordo com Patrícia Morellato, diretora do Centro de Pesquisa em Diversidade e Mudanças Climáticas (CBioClima), a intensidade das chamas é uma consequência da ação humana.
“Tudo está relacionado ao aquecimento da temperatura na Terra, que afeta o ciclo de ventos. A Califórnia está ficando mais seca e mais quente. Temos ventos mais fortes”, diz Patrícia.
“Aquela região sempre teve períodos mais secos, mas esse período está cada vez mais longo. Os materiais estão mais propensos à ignição.”
Consequências de médio e longo prazo
Os prejuízos financeiros decorrentes dos incêndios podem chegar a 57 bilhões de dólares, como estima a empresa de informações meteorológicas AccuWeather.
Léo Farah, especialista em Gestão de Desastres pela UNESCO e fundador da ONG HUMUS, prevê um caos econômico no longo prazo: “Pessoas que perdem toda a vida construída em um lugar, muitas vezes são obrigadas a mudar de localidade para sempre. Há necessidade de um novo emprego, novas escolas e uma nova economia”.
“Essas pessoas oferecem uma mão de obra mais barata para se estabelecer, gerando competição e desemprego no local.”, diz Léo.
Como evitar desastres semelhantes
Queimadas como as que estão ocorrendo na Califórnia têm afetado diversas regiões do mundo, como vimos em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, em 2024. Regiões menos populosas têm, por vezes, menos atenção popular a esta questão, mas sofrem até mais.
A Amazônia teve, em 2024, o maior número de focos de incêndio dos últimos 17 anos. As queimadas na região resultaram em 31 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2) emitidos na atmosfera.
“Temos que adaptar as cidades aos fenômenos climáticos.”, diz Patrícia Morellato.
A diretora do CBioClima acredita que a mitigação das mudanças climáticas deve ser uma meta, através da redução das emissões de gases de efeito estufa, mas a ação neste sentido caminha a passos lentos.
“Agora, só mitigar não vai funcionar mais. Temos que adaptar as cidades aos fenômenos climáticos.”, diz Patrícia.
** Jornalista formado pela PUC-SP, atuando como repórter do IG Carros. Já atuou também nas editorias de esportes e ESG.