No mês de outubro, desmatamento na Amazônia registra recorde
Segundo os cálculos do Observatório do Clima, 46% dos gases estufa emitidos pelo Brasil são procedentes do desmatamento
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério de Ciência e Tecnologia informou nesta sexta-feira (12) que a área de desmatamento na Amazônia bateu recorde no mês de outubro, totalizando 877 quilômetros quadrados de devastação da floresta amazônica.
Esse aumento contabiliza 5% em relação a outubro de 2020 e é o maior índice no mês desde o início do Deter, sistema de alertas do Inpe, iniciado em 2016. Ainda, o governo bolsonaro não divulgou os dados anuais de desmatamento, que são geralmente informados no início de novembro pelo sistema Prodes, também do Inpe.
O anúncio do recorde de devastação na Amazônia ocorreu durante os dias em que a COP26 está sendo realizada em Glasgow, na Escócia. Na conferência, o Brasil comprometeu-se a zerar as queimadas ilegais até 2028 e reduzir as emissões de metano.
Contudo, "as emissões acontecem no chão da floresta, não nas plenárias de Glasgow. E o chão da floresta está nos dizendo que este governo não tem a menor intenção de cumprir os compromissos que assinou na COP-26", diz Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.
Um levantamento feito por cerca de 200 pesquisadores mostrou que a floresta amazônica está se tornando incapaz de se regenerar, visto que o ritmo de desmatamento está se desenvolvendo cada vez mais rápido, dificultando a recuperação florestal.
Segundo os cálculos do Observatório do Clima, 46% dos gases estufa emitidos pelo Brasil são procedentes do desmatamento. Uma pesquisa feita no ano passado revela que desde 2010 o Brasil vem ampliando as emissões desses gases. Em 2020, o Brasil produziu um aumento de 9,5%, enquanto no restante do mundo, houve redução de cerca de 7%.
"Enquanto o governo federal tenta vender o Brasil como potência verde na COP, a verdade é que o desmatamento em outubro bateu mais um recorde e vem sendo impulsionado pela política antiambiental do presidente, do Ministério do Meio Ambiente, com apoio de parte do Congresso", diz Rômulo Batista, porta-voz da campanha Amazônia do Greenpeace.
"Assinar ou endossar os diferentes planos e acordos não muda a realidade do chão da floresta, o desmatamento e queimadas continuam fora de controle e a violência contra os povos indígenas e população tradicional só aumenta", finalizou Batista.