Queimadas na Amazônia Legal têm alta de 49% em maio; desmatamento bate recorde
Alta é referente à comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com o Inpe
O número de focos de queimadas registrados na Amazônia Legal saltou 49% em maio, em comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ( Inpe ). O número também é 34,5% superior à média histórica para o mês de maio.
Em maio deste ano, 2.679 focos de queimada foram registrados na floresta, contra 1.798 em maio de 2020. A média histórica para o mês, medida desde 1998, é de 1.991 focos, e o recorde de maio aconteceu em 2004, quando 5.155 focos foram registrados.
A Amazônia Legal corresponde a 59% do território brasileiro, englobando oito estados, e os dados são preocupantes já no início da temporada de queimadas no Brasil, que tem início em maio e junho e termina em meados de setembro e outubro.
"Maio traz números alarmantes para a atividade de fogo para a região. Isso indica que as condições de fogo na Amazônia, as queimadas de desmatamento vão ser bastante catastróficas esse ano, a não ser que algo seja feito e que haja uma redução do desmatamento", afirma ao G1 Paulo Brando, pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e professor da Universidade da Califórnia.
Desmatamento impulsiona as queimadas
Quando se leva em consideração apenas a região Norte do Brasil, o aumento das queimadas foi ainda maior: 1.210 focos, o pior número da série histórica para o mês de maio.
O fogo na Amazônia só acontece com a junção de três motivos, explica ao G1 o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini: tempo seco, bastante comum nesta época do ano, material combustível no chão, como árvores cortadas pelo desmatamento , e criminosos para atear o fogo.
“Esses criminosos estão trabalhando mais do que nunca porque o governo diminuiu a fiscalização de campo e os deixou muito à vontade pra praticar seus crimes”, afirma Astrini.
Suely Araújo, especialista-sênior em Políticas Públicas do Observatório do Clima e presidente do Ibama entre 2016 e 2018, afirma ao G1 que o governo Bolsonaro pratica uma "antipolítica ambiental". "A visão do governo Bolsonaro para a Amazônia é uma visão que prevê a queda da floresta. Prevê também a desconsideração de direitos dos indígenas, de outras populações tradicionais e dos povos da floresta. É um a perspectiva de tragédia do ponto de vista socioambiental. É inadmissível".
Em outro índice, o Inpe mostra o aumento do desmatamento na Amazônia Legal . Em maio, a região bateu recorde, alcançando 1.180 km² de área sob alerta de desflorestação , maior número desde 2016.