Enviado Especial Climático do governo Joe Biden
Anna Moneymaker/Getty Images
Enviado Especial Climático do governo Joe Biden

Apesar de criticar a política ambiental da atual gestão brasileira, sob o risco de que a Amazônia "desapareça", o  Enviado Especial Climático do governo Joe Biden, John Kerry , defendeu a necessidade de negociar acordos climáticos com o governo Jair Bolsonaro , na manhã desta quarta (12). A declaração ocorreu em um depoimento de prestação de contas na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Estados Unidos . As informações são da BBC News.

"Infelizmente, o regime de Bolsonaro reverteu parte da fiscalização ambiental", disse Kerry. "Se não falarmos com eles (governo Bolsonaro), pode ter certeza de que aquela floresta vai desaparecer ", afirmou o enviado especial, referindo-se à Amazônia.

O enviado especial de Biden foi questionado repetidas vezes sobre o assunto por diversos deputados norte-americanos. Nas últimas semanas, Kerry tem sofrido fortes pressões de parte da base democrata e de representantes da sociedade civil pela falta de transparência nas negociações com o governo Bolsonaro.

O governo brasileiro queria que os americanos se comprometessem a destinar US$ 1 bilhão por ano à Amazônia brasileira de saída, sem que o Brasil apresentasse metas de redução do desmatamento para 2021 e 2022, nem resultados de políticas ambientais. A possibilidade causou tensão entre outros atores envolvidos no assunto.

Kerry se reuniu recentemente com o ministro do meio ambiente Ricardo Salles e com o então chanceler brasileiro Ernesto Araújo . Na prestação de contas, declarou aos deputados que ainda estão no meio de negociações e classificou os encontros como "conversas positivas " mas ainda iniciais.

À Comissão, o enviado repetiu mais de uma vez que a perda florestal acontece há dez anos , e não se restringiria, portanto, apenas aos anos de Bolsonaro no poder. Embora o ano de 2012 marque uma reversão na tendência de queda contínua no desmatamento, os anos subsequentes foram de avanços e retrocessos e apenas em 2019 a devastação ultrapassou o patamar de 10 mil quilômetros quadrados anuais, de acordo com os dados do Inpe.

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O ex-senador democrata é responsável por obter resultados em uma das áreas mais prioritárias da gestão Biden, o aquecimento global , e precisa provar que os EUA têm condição de liderar esse debate, após o ex-presidente Donald Trump ter retirado o país do Acordo Climático de Paris.

Na cúpula, Kerry afirmou que as negociações devem avançar nos próximos meses, antes da Conferência do Clima marcada para novembro em Glasgow, na Escócia. 

Questionamentos dos deputados

O deputado democrata Albio Sires, de Nova Jersey, notou que Jair Bolsonaro durante sua participação na Cúpula de Líderes para o Clima, organizada pelo governo americano no fim de abril, se comprometeu a zerar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030 e as emissões brasileiras de gases do efeito estufa até 2050.

"Um dia depois de fazer essa promessa, Bolsonaro aprovou um corte de 24% no orçamento ambiental em 2021 ", afirmou Sires, comparando o atual orçamento do Meio Ambiente com os valores destinados à pasta em 2020. Na sequência, a deputada democrata Susan Wild, da Pensilvânia, voltou a cobrar que Kerry explicasse como os EUA pretendem medir os avanços das políticas do Brasil em relação à Amazônia.

A base democrata no Congresso americano já fez uma série de manifestações contrárias a Bolsonaro desde que ele assumiu a presidência. Em dezembro de 2020, a então parlamentar democrata Deb Haaland, empossada mais tarde como Secretária de Interior de Biden, afirmou à BBC News Brasil que " continuaremos colocando Bolsonaro na fogueira enquanto ele cometer violações dos direitos humanos, seguir no esforço para destruir a Floresta Amazônica e colocar nosso planeta em risco de um desastre climático ainda maior".

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