Candidato evita bater de frente com a Igreja Católica, mas lembra que distribuiu preservativos quando foi ministro
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra , reafirmou nesta quinta-feira ser a favor da união civil de pessoas do mesmo sexo, mas disse que o casamento é uma questão religiosa, que deve ser analisada pela Igreja. “Eu acho que a questão do casamento propriamente dita é uma questão que está ligada às igrejas. Agora, a união em torno dos direitos civis já existe inclusive na prática pelo Judiciário. Sou a favor. Outra coisa é o casamento, o componente religioso. Daí, cabe à Igreja defender sua posição.”

Ao participar hoje de um fórum de combate à Aids em São Paulo, Serra comentou o fato de grupos religiosos terem pedido à petista Dilma Rousseff que se comprometa a não alterar a lei que trata do aborto ou endossar o casamento homossexual. “Ela tem lá os problemas dela, de que diz uma coisa, outra hora diz outra”, alfinetou.
O candidato lembrou ainda a sua participação no Ministério da Saúde, dizendo ter atuado no combate à Aids. Afirmou que, nesta época, intensificou a distribuição de preservativos. “Fizemos uma política de uma difusão de preservativos. A Igreja nunca colocou obstáculos. A Igreja sempre colocou sua posição, mas nunca fez campanha contra”, afirmou.
Serra defendeu ainda a quebra da patente de medicamentos destinados ao combate à Aids no Brasil. Ele criticou a importação dos medicamentos e afirmou que o País não tem uma política consistente para minimizar os efeitos da doença.
Serra assinou um termo de compromisso em que promete apoiar o movimento de luta contra a doença. De acordo com o presidente da entidade, Rodrigo de Souza Pinheiro, a organização tentou, desde o primeiro turno, encontro com os presidenciáveis. Segundo Pinheiro, Dilma confirmou hoje, por meio de assessoria, a presença no mesmo evento nesta sexta-feira.
Gelo na cabeça
Atrasado para outro compromisso com aliados políticos em Minas Gerais, Serra acabou batendo a cabeça ao sair com pressa de um elevador no prédio onde acontecia o evento. Para evitar um galo, o candidato deixou o local com um pouco de gelo na testa. Em Belo Horizonte, o tucano tinha encontro marcado com o senador eleito Aécio Neves (PSDB) e o governador reeleito do Estado, Antonio Anastasia (PSDB). Os dois reuniram 400 prefeitos mineiros em apoio a Serra.