Um comunicado enviado pelo diretor financeiro da empresa Stara S.A Indústria de Implementos Agrícolas , Fábio Bocasanta, revela uma certo tipo de 'ameaça' aos fornecedores da empresa sobre a escolha do candidato a presidência da República nessas eleições.
A 'carta' informa que caso o resultado do primeiro turno se confirme também no segundo (Lula em primeiro colocado) a empresa deve cortar em 30% sua base orçamentária, de acordo com o documento isso consequentemente causará prejuízos à empresa e logo também a esses fornecedores.
A carta foi compartilhada nas redes sociais da deputada federal pelo Rio Grande do Sul Fernanda Melchionna (PSOL-RS ). Ele informou ao portal iG que vai apresentar uma ação contra a empresa no Ministério Público do Trabalho para que se apure o caso, no intuito de proteger os trabalhores que estaria com medo de demissões.
No entendimento de Melchionna, a carta é uma ameaça de demissão aos funcionários para influenciá-los a votar em Jair Bolsonaro no segundo turno. O PSOL ingressou com uma ação no Ministério Público do Trabalho para que sejam investigados todos fatos.
"É uma tentativa clara de intimidar, coagir e usar o poder econômico para interferir no resultado eleitoral. [...] ingressamos com uma peça no ministério público do Trabalho e em caso de constatação, para abertura de retratação pública e inquérito civil", disse a parlamentar.
Segundo apurou o portal iG, a companhia foi contemplada com um contrato de R$ 4.7 milhões durante o governo Bolsonaro por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico , vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia e destinado a investir em projetos de desenvolvimento tecnológico. Desse montante, R$ 1.054.917,78 (22.10% DO VALOR DO CONVÊNIO), já foi pago.
A empresa Stara está avisando seus fornecedores que demitirá parte de seus funcionários caso Lula ganhe no 2º turno. O dono é um dos princ. doadores de Bolsonaro e já foi beneficiado com + de R$ 2 BI pela sua gestão. Uma mão lava a outra e quem paga é o trabalhador! Isso é crime! pic.twitter.com/TVTK4t7C1h
— Fernanda Melchionna (@fernandapsol) October 4, 2022
O proprietário da empresa gaúcha, Stara S.A Indústria de Implementos Agrícoloas, é Gilson Lari Trennepohl , que também ocupa o cargo de vice-prefeito de Não-me-Toque (RS) pelo DEM . Trennepohl é um dos maiores doadores de campanha de Jair Bolsonaro com repasses de R$ 350 mil.
Trennepohl também distribuiu R$ 575 mil a outras sete candidaturas de políticos, como dos ex-ministros de Bolsonaro Onyx Lorenzoni (PL) , no valor de R$ 300 mil para candidatura a governador e Osmar Terra (MDB) , que recebeu do empresário R$ 50 mil para campanha a deputado federal.
"É um crime grave que em última análise até o Bolsonaro pode responder que é o beneficiado desse crime. Olhando o histórico da empresa e seus dirigentes, a empresa tem um contrato de subvenção de 2021 com o Ministério da Ciência e Tecnologia de 2 milhões de reais e um dos principais acionistas [da Stara] é financiador da campanha de Bolsonaro e a justiça eleitoral também tem que ser acionada", disse a deputada.
No fim da tarde, o diretor da companhia Átila Trennepohl leu um comunicado e informou que não serão feitos cortes de funcionários e que não tentou influenciar na escolha do candidato à presidência da República.
"Este comunicado foi dedicado exclusivamente aos fornecedores. A Stara tem prática comum de todo segundo semestre fazer projeções para o próximo ano e nós planejamos crescimento acima de 30% em agosto que passou e devido a toda instabilidade econômica nós estamos refazendo esssa projeção para 2023. [...] não acreditem em fake news que a Stara vai demitir e muito menos coagir para votar no A ou votar no B [...] somos uma empresa séria que tem responsabilidade com clients e colaboradores", disse Trennepohl.
Assista na íntegra a resposta:
Apuração da reportagem
Nós entramos em contato com o TSE (Superior Tribunal Eleitoral) que nos informou ser de responsabilidade do Ministério Público apurar este caso.
Entramos também em contato com a empresa Stara S.A Indústria de Implementos Agrícolas , porém todas as tentativas fomos informados a entrar em contato 'mais tarde'.
Nós tentamos entrar em contato também com a prefeitura de Não-me-Toque, por diversas vezes, mas não conseguimos contato. Em uma das ocasiões durante o contato com um representante do gabinete da prefeitura vice-prefeito acionista da Stara, a ligação foi terminada de forma abrupta.
Também tentamos contato com o vice-prefeito Gilson Lari Trennepohl no Grupo Ceres de Comunicação, ao qual também aparece como diretor, mas também não conseguimos concluir a ligação.
(Acompanhe, esta reportagem está em atualização* )
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