Primeiro, Ana Paula Cunha apaixonou-se pelo ITA , o Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Só depois descobriu que, para estudar lá, teria que prestar aquele que é considerado o vestibular mais difícil do país . Na manhã desta quinta-feira (19), a jovem de 20 anos finalmente recebeu o telefonema que esperava há quatro anos, quando começou a prestar as provas. Era o reitor da universidade ligando para parabenizá-la pela aprovação . Em um vídeo gravado ao lado da mãe, ela comenta que está tremendo, e mal consegue reagir. Algumas horas depois, quando falou com o GUIA DO ESTUDANTE, ainda não havia digerido a notícia por completo. “A ficha está caindo aos poucos”, comentou a caloura.
Em meio a tanto para comemorar, Ana tem um único pesar: que suas amigas de cursinho, que moraram e estudaram com ela ao longo de todo o ano, não tenham sido também aprovadas. “A gente estudou junto o ano todo e elas tiravam muitas das minhas dúvidas. Eram meninas que me inspiravam, as garotas mais inteligentes que eu já conheci”, conta. “É um pouco triste não ver elas passando junto comigo. Sempre que eu me imaginava aprovada, imaginava que elas estariam junto”. Nesta edição, assim como no ano passado, apenas 8 mulheres foram aprovadas no vestibular do ITA. Ao todo, foram ofertadas 180 vagas – ou seja, 172 delas foram preenchidas por homens.
+ Ele foi aprovado em 1º lugar no vestibular mais difícil do país
Agarrando oportunidades
Com pouco mais de 400 mil habitantes, o município de Mauá faz parte da região metropolitana de São Paulo. Foi lá que Ana cresceu e estudou, concluindo o Ensino Médio com bolsa em uma escola particular local. Ainda no primeiro ano, descobriu o ITA e começou a alimentar o sonho de um dia estudar lá – até descobrir que se tratava de um dos vestibulares mais conhecidos e difíceis do país. “Não fiquei tão confiante, pensei que seria algo impossível”, relembra. Religiosa, a jovem buscou orientação espiritual na igreja que frequenta, e sentiu-se mais motivada a perseguir o sonho.
Tudo ficou mais complicado, no entanto, quando concluiu a escola. A estudante relata que os pais não tinham dinheiro para matriculá-la em um cursinho, e, por isso, começou a estudar com materiais de segunda mão e o que mais conseguia reunir. Sentia falta de uma orientação e de simulados que ajudassem a guiar os estudos. No final daquele ano, Ana prestou o vestibular e não foi aprovada para a segunda fase.
Sua trajetória rumo à aprovação começou a mudar quando escreveu para o cursinho onde um amigo estudava pedindo uma bolsa de estudos. Conseguiu ajuda para o curso online e materiais gratuitos, o que, segundo ela, já foi uma melhoria significativa. Naquele ano, a jovem finalmente foi aprovada para a segunda fase – e, embora não tenha sido aprovada, o desempenho destacado lhe rendeu uma oportunidade ainda melhor no ano seguinte.
Recebeu a oferta do Poliedro para estudar e morar em São José dos Campos, onde fica uma das unidades do cursinho e também o ITA. Com a bolsa e o auxílio-moradia, saiu da casa dos pais e passou um ano vivendo em uma pensão com as garotas mais inteligentes que já conheceu, todas elas bolsistas do mesmo cursinho e candidatas ao concorrido vestibular.
“Eu morava com 9 meninas na pensão e foram elas que eu mais me aproximei durante esse ano todo. Eu conheci alguns rapazes lá do Poliedro, mas não era como as amizades que eu tinha com as meninas”, recorda. “Eu estava cercado de garotas durante o ano inteiro, e agora é meio estranho ver poucas delas passando”.
A receita da aprovação
Além do apoio das amigas, Ana Paula precisou de muita dedicação, organização e horas de estudo para ser aprovada no ITA. Quando perguntada sobre a fórmula do sucesso, ela repete uma máxima entre os estudantes que se preparam para essa prova: é preciso construir uma boa base. “Então você primeiro aprende todo o conteúdo, e depois que já aprendeu tudo que cai no edital de maneira geral, começa a rever pegando questões mais difíceis”, orienta. Foi neste aprofundamento que, segundo ela, estar matriculada em um cursinho fez toda a diferença.
A jovem também destaca a importância dos simulados , que ajudam a diagnosticar os pontos mais fracos que precisam de revisão. “Pena que eu não estou com o meu caderninho de revisão aqui. Ele é bem colorido, tudo misturado”, conta enquanto sinaliza com as mãos. Os amigos, segundo Ana, se espantavam ao ver suas anotações que pareciam caóticas, mas que funcionavam muito bem para ela.
Por fim, afirma, é preciso ter confiança. “É possível, eu espero que mais garotas se motivem, estudem firme e acreditem que vai dar certo”, finaliza com empolgação. “Por mais que seja um ambiente predominantemente masculino, as garotas são importantes, é importante a gente estar lá se apoiando porque temos vivências que só a gente entende.”
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