Cismou ou sismou: qual é o certo?

Está encasquetado com essa dúvida? Aqui a gente dá a resposta

Cismou ou sismou: qual é o certo?
Foto: Taís Ilhéu
Cismou ou sismou: qual é o certo?

Se você está ruminando uma ideia há dias, você costuma dizer que está “cismado” ou “sismado” ? A primeira opção é única correta. “As pessoas podem se confundir porque a palavra ‘sismo’, apesar de pouco conhecida, existe e tem como sinônimo ‘terremoto’, de acordo com o dicionário Michaelis. Mas não tem nada a ver com o verbo ‘cismar’, que significa ficar absorto em pensamentos, devanear, remoer, encasquetar e teimar”, explica Leila Barreira , auxiliar pedagógica da plataforma Redação Nota 1000.

A origem da palavra

O verbo “cismar” e o substantivo feminino “cisma” derivaram da palavra masculina “cisma”, que se referia (e se refere até hoje) a uma separação ou divisão, especialmente usada para falar de conflitos ou rupturas em contextos religiosos. Essa palavra veio do latim eclesiástico “ schisma” , que por sua vez foi emprestada do grego “ skhísma” , que significava “separação” ou “divisão”.

“Ao longo do tempo, a palavra ‘cisma’ foi convertida no verbo cismar, e, a partir daí, houve uma mudança semântica, isto é, o sentido passou por uma transformação. E assim, a noção de ‘separação’ evoluiu também para a ideia de alguém ficar preso em pensamentos, preocupado ou obcecado”, conta Leila.

Como usar “cismar” no dia a dia

Para você não ter dúvida sobre como usar esse vocábulo, a gente apresenta cinco exemplos comuns do cotidiano.

  • João está cismado com esse brinquedo.
  • Cismei em trocar de profissão.
  • Ela ficou o dia inteiro cismando sobre o que tinha acontecido na reunião.
  • Não adianta cismar com isso, é hora de seguir em frente.
  • Ela ficou com uma cisma de que ninguém a compreendia direito.

Exemplos poéticos para guardar na memória

A professora Leila mostra três usos do verbo “cismar”, que são bem inspiradores (e podem até cair nos vestibulares).

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Na “Canção do exílio” de Gonçalves Dias:

“Minha terra tem primores

Que tais não encontro eu cá;

Em cismar – sozinho, à noite –

Mais prazer encontro eu lá,

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Minha terra tem palmeiras

Onde canta o sabiá.”

No soneto do parnasiano Olavo Bilac:

“E enquanto cismas, sorridente e casta,

A teus pés, como um pássaro ferido,

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Toda a minh’alma trêmula se arrasta…”

E nas palavras de Machado de Assis em “Histórias da meia noite”:

“Demais, eu nem sempre sou a cismadora que tens na cabeça; sinto um
grãozinho de ambição comigo, a ambição de ser … ministra. Ri-se?”

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