Enem com 'cara do governo Bolsonaro' cita 'Vida de gado' e escravidão

Primeiro domingo de provas do exame aconteceu hoje com questões de Linguagens, Ciências Humanas e a redação

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
Registro de uma edição antiga do Enem


O primeiro domingo de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021 teve questões que abordaram temas como escravidão, a situação dos indígenas que vivem conflitos com mineradoras e citou canções como "Comportamento Geral", de Gonzaguinha, e "Admirável mundo novo", de Zé Ramalho.


Essa última é mais conhecida pelo verso que diz: "eh, oh, vida de gado". Coincidentemente, gado é como os oposicionistas do governo chamam os bolsonaristas.


Segundo o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), nesta edição, o Enem "começa a ter a cara do governo" . Ele disse isso em resposta às acusações de fragilidade técnica e administrativa, assédio moral e pressão ideológica, feita por servidores do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pela realização do Enem -  mais de 30 servidores comissionados do Inep pediram exoneração de seus cargos às vésperas do Enem. Bolsonaro, o ministro da Educação, Milton Ribeiro , e o presidente do Inep, Danilo Dupas, negam as acusações.


Apesar disso, o Enem abordou temáticas geralmente criticadas pelo governo Bolsonaro e até problematizou o conceito de "minorias", com base em um texto do filósofo Deleuze. De acordo com o portal Extra, escravidão e racismo aparecem na prova através de uma publicidade que exibia um homem negro em fuga e dos versos da música Sinhá, de Chico Buarque, apoiador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).



Por outro lado, a pandemia do coronavírus que já provocou a morte de mais 600 mil pessoas no Brasil foi ignorada. Neste ano, a redação abordou a situação de pessoas sem registro civil .