Câmara dos Deputados flexibiliza proposta que restringe uso de celulares nas escolas

Texto seguirá para análise no Senado, salvo recurso para votação no plenário principal da Casa

Câmara aprova proibição de celulares nas escolas
Foto: FreePik
Câmara aprova proibição de celulares nas escolas

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (11), por 45 votos a 14, uma proposta que regulamenta o uso de celulares em escolas públicas e privadas no Brasil . O texto, agora flexibilizado, seguirá para análise no Senado , salvo recurso para votação no plenário principal da Câmara .

Anteriormente, a Comissão de Educação havia aprovado uma versão mais rígida da proposta, que proibia alunos da educação infantil e dos primeiros anos do ensino fundamental de portarem celulares nas escolas. Contudo, o novo texto permite o porte de celulares pelos estudantes do ensino básico, mas limita seu uso a situações excepcionais, como casos de perigo, necessidade ou força maior

Além disso, a proposta possibilita o uso de aparelhos eletrônicos em sala de aula para:  

- Fins pedagógicos ou didáticos, conforme orientação do professor;  

- Garantia de acessibilidade e inclusão;  

- Atendimento a condições de saúde dos estudantes e proteção a direitos fundamentais.

O deputado Renan Ferreirinha (PSD-RJ), relator do projeto, destacou a importância de regular o uso de dispositivos eletrônicos nas escolas para evitar prejuízos ao aprendizado e à convivência social.  

"Escola também precisa de regramento, precisa ter hora para tudo. A gente não quer ser contra a tecnologia, mas que a tecnologia seja utilizada de forma consciente e responsável. Do contrário, ao invés de ser uma aliada do processo educacional, acaba sendo uma grande vilã", afirmou.

Medidas para saúde mental  

O projeto também aborda questões de saúde mental, prevendo a criação de espaços de escuta e acolhimento para alunos e funcionários que apresentem sofrimento psíquico, especialmente relacionado ao uso excessivo de telas e à nomofobia — medo ou ansiedade pela falta do celular.  

As redes de ensino deverão oferecer treinamentos periódicos para identificar, prevenir e lidar com sinais de sofrimento psíquico e mental causados pelo uso excessivo de dispositivos eletrônicos.  

O relator justificou a necessidade da proposta com base nos impactos do uso descontrolado de aparelhos em sala de aula.  

"A utilização desmedida de aparelhos portáteis permite às crianças e adolescentes visitarem – no curso das aulas – conteúdos sem relevância pedagógica, tornando-se mero elemento de prejuízo para a aprendizagem, distrações, retirando o tempo de convívio social na escola, o que claramente justifica a regulação", concluiu Renan Ferreirinha.

A proposta promete gerar debates no Senado, especialmente sobre o equilíbrio entre a inclusão digital e a necessidade de proteger o ambiente escolar dos efeitos negativos do uso excessivo de tecnologia.