Ensino médio: acesso de negros está 10 anos atrás do de alunos brancos

Pesquisa divulgada pela ONG Todos Pela Educação aponta ainda que desigualdade se estende aos estudantes que concluíram esta etapa do ensino

Acesso de jovens negros ao Ensino médio tem uma década de atraso em relação aos brancos
Foto: FreePik
Acesso de jovens negros ao Ensino médio tem uma década de atraso em relação aos brancos


O acesso de  jovens negros no ensino médio está há uma década de atraso quando comparado com o de jovens brancos. É o que indica um levantamento divulgado na última terça-feira (30) pela ONG Todos Pela Educação. 

A instituição utilizou como base dados disponibilizados pela Pnad-Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) para  emitir uma nota técnica.

As informações dão conta de que, enquanto a porcentagem de jovens pretos e pardos de 15 a 17 anos matriculados no ensino médio em 2022 era de 72,3% e 73,5%, respectivamente, o mesmo número foi alcançado por brancos da mesma faixa etária em 2012 (73%). 

A título de comparação, o número de pretos e pardos com idade entre 15 e 17 anos matriculados no ensino médio em 2012 era de 52,8% e 57,4%.

O estudo lançou luz ainda sobre dados relacionados à conclusão da referida etapa educacional. Enquanto 61% dos jovens pretos e 62,4% dos pardos de 19 anos tinham concluído em 2022, porcentagem semelhante foi atingida por brancos 10 anos atrás: 62%. 

Em 2012, a porcentagem de pretos e pardos que tinham concluído o ensino médio aos 19 anos era de 32,1% e 42,7%, respectivamente. 

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Gabriel Corrêa, diretor de Políticas Públicas do Todos Pela Educação, atenta que, apesar de avanços registrados no levantamento, o Brasil ainda tem um longo caminho para seguir no que diz respeito à redução da desigualdade étnico-racial no sistema educacional. 

“Apesar dos avanços, a desigualdade étnico-racial ainda permeia todo o nosso sistema educacional no Brasil. Os números revelam o resultado de um ciclo de exclusão de jovens pretos e pardos que, no contexto educacional, também é determinado por décadas de ausência de políticas intencionalmente voltadas à equidade das relações étnico-raciais", afirmou. 

"Ao deixar para trás um enorme contingente de estudantes, as políticas educacionais não atingem sua finalidade de promover Educação de qualidade para todos. Os dados demonstram a urgente necessidade de ações voltadas à equidade racial, que somente serão efetivas se houver real comprometimento das lideranças políticas e de gestores públicos”, complementou.

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