Cortes do MEC: UnB diz não ter verba para fazer pagamentos de contas

Segundo a instituição, não há recursos para pagar auxílios, limpeza, projetos de pesquisas e outros contratos

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Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
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Nesta segunda-feira (5), a Universidade de Brasília (UnB) anunciou que infelizmente não irá conseguir realizar pagamentos das contas de dezembro. O comunicado vem após um novo  bloqueio de verbas feito pelo Ministério da Educação ( MEC ) nos orçamentos de universidades e institutos federais. Através de uma nota, a instituição afirmou que a situação financeira se tornou "insustentável".

No último corte do Ministério da Educação anunciado na quinta-feira (1º), o bloqueou foi de mais de R$ 17 milhões na universidade. Logo depois, na sexta-feira (2), o MEC afirmou que o ministro Victor Godoy estava buscando "soluções junto ao Ministério da Economia em relação aos bloqueios e contingenciamento"

A nota da universidade afirma que não há recursos para pagar o auxílio estudantil, contratos do Restaurante Universitário, da segurança, de manutenção, de limpeza e todas as despesas previstas para o mês de dezembro. O comunicado aponta que isso inclui projetos de pesquisadores.

Os departamentos de Planejamento, Orçamento e Avaliação Institucional e de Administração da instituição concluíram que "a Universidade está impossibilitada de efetuar pagamentos das despesas já liquidadas e de realizar novos empenhos".

Segundo a instituição, a decisão do governo federal afeta diretamente os estudantes de baixa renda e critica a ação. ''A UnB repudia veementemente essa situação e a herança calamitosa na Educação, Ciência e Tecnologia que o governo federal parece ter decidido deixar para o seu sucessor, em janeiro de 2023''.

''A medida desconsidera, mais uma vez, que os principais atingidos pelos ataques às instituições públicas são as parcelas mais vulneráveis da sociedade brasileira. No caso das universidades, os mais afetados são os estudantes vulneráveis socioeconomicamente e os trabalhadores assalariados das empresas terceirizadas"

Veja a nota da universidade na íntegra:

''À comunidade da Universidade de Brasília e à sociedade brasileira, 

Com os últimos cortes efetuados pelo governo federal, a Universidade de Brasília (UnB) encontra-se sem dinheiro para realizar pagamentos em dezembro. Não há recursos para pagar auxílio estudantil, contratos do Restaurante Universitário, da segurança, de manutenção, de limpeza e todas as demais despesas previstas para o mês, incluindo projetos de pesquisadores.

Conforme amplamente noticiado pela imprensa, o governo federal retirou mais de R$ 17 milhões da UnB na última quinta-feira, 1º de dezembro. Os decanatos de Planejamento, Orçamento e Avaliação Institucional e de Administração encaminharam informações detalhadas para todas as unidades acadêmicas e administrativas da UnB (Memorando-Circular 006/2022/DPO/DAF; 9054340). Informam que “a Universidade está impossibilitada de efetuar pagamentos das despesas já liquidadas e de realizar novos empenhos.”

A situação financeira da UnB e das demais universidades federais já era dramática desde o início de 2022, piorou com o corte de 7,2% feito pelo governo federal no mês de junho (R$ 18 milhões só na UnB) e, agora, torna-se insustentável.

A UnB repudia veementemente essa situação e a herança calamitosa na Educação, Ciência e Tecnologia que o governo federal parece ter decidido deixar para o seu sucessor, em janeiro de 2023. A medida desconsidera, mais uma vez, que os principais atingidos pelos ataques às instituições públicas são as parcelas mais vulneráveis da sociedade brasileira. No caso das universidades, os mais afetados são os estudantes vulneráveis socioeconomicamente e os trabalhadores assalariados das empresas terceirizadas.


Continuaremos atuando em defesa de nossa universidade, com o apoio da comunidade e em parceria com os reitores das universidades e dos institutos federais, com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), buscando o diálogo com o governo federal e com o Congresso Nacional para a reversão desta inadmissível situação.

É imprescindível que possamos honrar os nossos compromissos em 2022 para iniciar 2023 com esperança de que a Educação, a Ciência e a Tecnologia voltem a ser consideradas prioritárias para o desenvolvimento do país e para a melhoria da vida das brasileiras e dos brasileiros. A UnB continuará atuante como sempre, necessária como nunca.''

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