Colégios privados perderam quase 1 milhão de alunos na pandemia
Fenômeno, analisado por especialistas em educação, atingiu sobretudo estudantes em creches e pré-escola e tem consequências para o futuro
As escolas privadas brasileiras perderam quase um milhão de estudantes nos dois primeiros anos da pandemia. O número representa uma queda de quase 10% de matrículas, interrompendo uma série histórica de crescimento.
O maior baque foi na educação infantil, que representou quase 600 mil — 298 mil na creche e 308 mil na pré-escola, uma queda de 21% e 25%, respectivamente.
Especialistas e representantes do setor apontam que a educação infantil é uma etapa escolar que muito dificilmente pode ser adaptada para o ensino remoto, já que crianças muito pequenas têm pouca ou nenhuma autonomia para estudarem sem acompanhamento especializado. Além disso, a creche não é uma etapa obrigatória, e por isso, os pais não precisavam nem buscar uma escola pública para as crianças.
Em fevereiro de 2020, Luca, de 3 anos, foi matriculado pela mãe, a bibliotecária Carina Volotão, numa escola privada de Rio Bonito, na região metropolitana do Rio. No entanto, a crise sanitária fez com que Luca passasse a ter aulas remotas com apenas um encontro em tempo real por semana. Com a nova dinâmica e o aperto financeiro da família, os pais decidiram matriculá-lo em uma escola pública no final do ano.