RJ: Escolas públicas terão campanha de vacinação de crianças

Cartas e visitas vão incentivar imunização de alunos

RJ: Escolas públicas terão campanha de vacinação de crianças
Foto: Reprodução: ACidade ON
RJ: Escolas públicas terão campanha de vacinação de crianças

As redes de ensino estadual e municipal do Rio voltaram ontem a oferecer aulas 100% presenciais para mais de 1,3 milhão de alunos com uma novidade no currículo: campanhas para reduzir a baixa adesão à vacinação infantil contra Covid-19. Nenhum estudante está sendo impedido de assistir às aulas, mas estratégias foram criadas para incentivar a imunização daqueles que ainda não foram aos postos. Pais de alunos da prefeitura da capital vão receber uma carta com pedido de autorização para que seus filhos tomem a primeira dose, o que poderá ser feito na própria unidade. Já o governo estadual vai lançar mão do grupo Mulheres Apoiando a Educação, que foi criado para atuar contra a evasão e, agora, vai em busca dos não vacinados.

"Chamamos a atenção dos pais porque a vacina salva vidas. Não acreditem em mentiras. Para que eles se conscientizem, vamos mandar uma carta. Não vamos forçar. Nada vai acontecer sem a aprovação dos pais. Não é sempre que se tem um líder do país falando que faz mal se vacinar. Por isso, acreditamos que alguns pais acreditam nessa história", disse o prefeito Eduardo Paes, que acompanhou ontem a abertura do ano letivo na Escola Pedro Ernesto, no Humaitá.

Metade sem proteção

Na capital, apenas 48% das crianças de 6 a 11 anos — idades que foram contempladas pela campanha de imunização até o último sábado — receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19, de acordo com a Secretaria municipal de Saúde (SMS). O número corresponde a cerca de 231 mil menores.

"É uma adesão bastante baixa. Temos a esperança de conseguir melhorar a situação nas próximas duas semanas, com o encerramento das férias escolares, a retomada das aulas e a volta das famílias que foram viajar", disse o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, que já chegou a classificar essa campanha como a de menor adesão da história das imunizações infantis.

O secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha, disse que outra novidade na rede é que professores e alunos que testarem positivo para Covid-19 vão ficar apenas sete dias em casa e a turma inteira não será afastada, mas todos farão o exame para verificar se estão infectados.

O painel de informações sobre a Covid-19 do governo fluminense mostra que apenas 9% das crianças de 5 a 11 anos receberam a primeira dose no Estado do Rio. As informações podem estar desatualizadas. Mas o número também não é satisfatório na faixa de 12 a 17 anos: 83% estão com a dose inicial, e 48%, com a segunda. A campanha para este grupo começou em agosto.

As 1.577 escolas municipais reabriram as portas ontem para mais de 640 mil alunos matriculados. Em todas, foram exigidos o uso de máscara e o de álcool em gel. Já a Secretaria estadual de Educação (Seeduc) informou ter investido R$ 60 milhões para garantir a proteção contra Covid-19 na volta de seus 700 mil estudantes a 1.230 colégios espalhados por 92 municípios fluminenses. Além disso, o número de integrantes do projeto Mulheres Apoiando a Educação poderá crescer para melhorar a adesão à vacinação.

"Na nossa matrícula não pedimos o comprovante de vacinação. Mas nada impede que, com o projeto MAE, a gente identifique os alunos que não se imunizaram e façamos uma campanha para que eles se vacinem", disse o secretário estadual de Educação, Alexandre Valle, durante visita ao Colégio Vicente Jannuzzi, na Barra da Tijuca.

Mães de porta em porta

O secretário explicou que o grupo tem hoje 9.390 mulheres, a maioria mães de alunos. Elas trabalham em contato com a direção de cada escola, buscando estudantes faltosos.

"Estamos fazendo um novo chamamento para mais inscrições, agora com o foco na vacinação", anunciou Valle.

Dados da Prontobaby, a maior rede privada de emergência pediátrica do Rio, reiteram a importância da imunização para a prevenção de casos graves e mortes pela doença. De todas as crianças e os adolescentes internados em janeiro, 94% não estavam vacinados — a maioria porque tinha menos de 12 anos, faixa etária ainda não completamente contemplada pela campanha de vacinação até então.

Das 54 crianças internadas nos hospitais da rede, 51 não estavam vacinadas, sendo 49 menores de 12 anos que não tiveram a chance de tomar a vacina à época. Das outras três, duas estavam com o esquema de imunização completo, e uma tinha recebido só a primeira dose. Antes da chegada das vacinas pediátricas, a distribuição das idades dos internados era mais equilibrada, sem prevalência de uma faixa sobre as outras.

"A vacinação protege", resume o infectologista pediátrico André Ricardo Araújo da Silva.