Bolsonaro atuou para trocar termo Golpe de 64 por Revolução em questões do Enem
Acusação partiu de servidores do Ministério da Educação e do Inep, que dizem temer perseguições caso exame desagrade ao presidente
Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarar que o Enem passaria a ter a "cara do governo", servidores do Ministério da Educação e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) acusam o mandatário de tentar interferir nas questões do Enem. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
De acordo com técnicos das pastas, Bolsonaro solicitou ao ministro Milton Ribeiro a alteração do termo 'Golpe de 1964' por 'Revolução'. Segundo integrantes do governo, o pedido teria sido feito ainda no primeiro semestre.
Desde o início do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019, nenhuma questão do Exame Nacional do Ensino Médio abordou o tema da ditatura - fato inédito desde o início da aplicação do Enem.
Servidores envolvidos na elaboração e aplicação do exame, as perguntas foram elaboradas buscando um equilíbrio entre as reivindicações do governo e a matriz de conteúdos do MEC. Técnicos, porém, relatam pressão e medo em relação a possíveis perseguições caso o exame desagrade o presidente Jair Bolsonaro.
O Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e o Palácio do Planalto foram questionados sobre possíveis interferências, mas não responderam à reportagem.