Datafolha: Retorno às escolas é mais lento para estudantes negros e pobres

Pesquisa encomendada pela Fundação Lemann e Itaú Social mostra que 72% dos alunos brancos tiveram unidades de ensino reabertas; percentual ficou em 61% entre os negros

Foto: Igor Santos/Secom
Retorno das aulas presenciais

O retorno às salas de aula tem sido mais lento para alunos negros e pobres,  segundo pesquisa do Datafolha divulgada na última quinta-feira (22). O levantamento mostra que 65% dos estudantes tiveram suas escolas reabertas, ainda que parcialmente, em setembro. O índice para os brancos era um pouco acima da média: 72%. Mas entre os negros o percentual ficou em 61%.

A volta às escolas também tem demorado mais para os alunos mais pobres. A pesquisa mostrou que entre as três faixas de maior nível socioeconômico, as aulas presenciais já são uma realidade para 73% dos alunos. Entre aqueles que pertencem às três menores faixas de renda, a retomada do ensino presencial beneficia apenas 41%.

O estudo foi encomendado por Itaú Social, Fundação Lemann e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Foram ouvidos, entre os dias 13 de agosto e 16 de setembro de 2021, com abordagem telefônica, 1.301 responsáveis que responderam por um total de 1.846 crianças e adolescentes com idades entre 6 e 18 anos da rede pública, em todas as regiões do país.

O levantamento também revela como a falta de coordenação nacional tem tornado desigual a retomada das aulas presenciais. Enquanto na região Sul, 90% dos estudantes já puderam voltar a frequentar a escola. O percentual no Centro-Oeste é de 82%, na região Sudeste é de 77%, na região Norte é de 50% e no Nordeste, onde há menos escolas reabertas, o percentual é de apenas 40%.

Mas mesmo após a reabertura, nem todos os estudantes voltaram a assistir às aulas presencialmente. De acordo com a pesquisa, em média, 72% dos alunos brasileiros voltaram às escolas que reabriram as portas.


Os pesquisadores também perguntaram sobre o ânimo dos alunos na volta às aulas presenciais. Segundo os responsáveis entrevistados, 87% das crianças e adolescentes estão mais animadas e 85% perceberam que os alunos estão mais interessados nos estudos.