Crivella cita "proteção de Deus" ao criticar decisão que proibiu volta de aulas
"Por que professor de 20, 30 anos e sem comorbidades não pode trabalhar?", questionou o prefeito ao lembrar que, mesmo sendo do grupo de risco, não deixou de trabalhar um dia sequer
Por Agência O Globo |
Em uma live feita em sua rede social, o prefeito do Rio Marcelo Crivella criticou a atuação dos sindicatos e do Ministério Público que entraram na Justiça com ações para barrar a retomada das aulas particulares e da abertura de refeitórios em escolas municipais. Acompanhado na transmissão do vereador e ex-secretário Felipe Michel e da atual secretária de Educação Talma Romero, Crivella afirmou não ter parado de trabalhar um dia durante a pandemia e que "Deus o protegeu" de ser infectado.
"Eu sou grupo de risco, eu deixei de trabalhar um dia? E Deus não me protegeu? Então por que um professor de 20, 30 anos e sem comorbidades não pode trabalhar? E uma merendeira de 20, 30 anos não pode trabalhar? Essa é coisa do sindicato e do pessoal da esquerda querem fazer média, mas a população fica olhando e é como Deus, que vê em segredo. Ela (população) julga esses procedimentos e ficam tristes, porque nesse momento precisamos mostrar amor ao próximo. Nem falo a questão da aula, mas da alimentação sobretudo das crianças que vinham à escola", afirmou Crivella .
O prefeito ainda disse que os refeitórios podem ficar abertos pois não há risco para as crianças: "desde o início queria deixar o refeitório aberto. Mas, infelizmente, o Ministério Público, os sindicatos e a Justiça fecharam os refeitórios das nossas criancinhas. Mas a gente sabe que as crianças não tem risco nenhum, no mundo inteiro".
A fala de Crivella ocorre um dia depois de o prefeito criticar a aglomeração em bares por jovens. A crítica de Crivella não foi pelo risco de vida dessa faixa etária, e sim do grande risco deles transmitirem a Covid-19 para outras pessoas.
"Faço um apelo para os jovens não se aglomerarem. Às vezes falta sentimento de altruísmo e responsabilidade social ao carioca, mas precisamos entender que a carga viral baixa é o maior patrimônio da cidade hoje. Com isolamento e medidas de higiene, vamos manter assim. O que cresceu? Jovens de 20 a 30 anos. Por que cresceu? Porque eles são os que mais se expõem, não usam máscaras, vão para as aglomerações, as praias, os bares e aí passaram a todos. Hoje quem mais aparece em postos de saúde do município com síndrome gripal são os jovens", disse Crivella.
'Não nos faltou leito ou equipamento', diz Crivella
Em outro momento da transmissão o prefeito chegou a dizer que não não faltaram leitos ou equipamentos durante o enfretamento da pandemia. Entretanto, durante semanas o Rio sofreu com uma grande fila por uma vaga de UTI ou enfermaria, que somente na cidade chegou a mais de 400 pessoas, segundo dados da própria secretaria de Saúde do município. A fila só foi zerada em junho e engloba unidades federais, municipais e estaduais no município.
"O fato concreto é que Deus teve misericórdia de Nós. Não nos faltou leito, equipamento ou médicos. Perdemos sete mil pessoas, mas nenhuma delas por falta de atendimento", finalizou Crivella .