Novo ministro da Educação já citou 'paixão louca' como motivo para feminicídio

Em entrevista, Milton Ribeiro minimizou assassinato de adolescente de 17 anos após ela ter rejeitado namorar homem de 33

Milton Ribeiro, novo ministro da Educação, já minimizou feminicídio e citou 'paixão' como motivo para assassinato de adolescente
Foto: Reprodução/Youtube
Milton Ribeiro, novo ministro da Educação, já minimizou feminicídio e citou 'paixão' como motivo para assassinato de adolescente

O novo ministro da Educação , Milton Ribeiro, atribuiu a uma "paixão louca" a atitude de um homem de 33 anos que matou dentro de uma escola uma adolescente de 17 anos por querer namorá-la. Ribeiro levantou a hipótese de que a menina "pode ter dados sinais a ele que estava apaixonada ou coisa do tipo" ao reproduzir involuntariamente um comportamento sexual que teria aprendido vendo televisão. Segundo ele, "maneiras e trejeitos" adquiridos por crianças ao assistir programas indevidos são "porta aberta" para pedófilos acharem que estão sendo chamados para um relacionamento. Ribeiro é pastor evangélico e tem doutorado em Educação.

"Acho que esse homem foi acometido de uma loucura mesmo e confundiu paixão com amor. São coisas totalmente diferentes. Ele, naturalmente movido por paixão, paixão é louca mesmo, ele então entrou, cometeu esse ato louco, marcando a vida dele, marcando a vida de toda família. Triste", disse o novo ministro da Educação .

Os comentários foram feitos como pastor convidado em programa intitulado Ação e Reação, disponível no YouTube desde 2013. O caso do homem que matou a adolescente no Rio Grande do Norte foi novamente mencionado por Ribeiro no vídeo quando ele criticava cenas de nudez e sexo transmitidas pelas televisões abertas, que, na visão do novo ministro, promovem a erotização precoce.

"Esse mesmo rapaz, um camarada que é um homem maduro, se relacionar com uma menina de 17 anos, muito embora as mulheres amadureçam muito mais cedo que os homens. Ela pode ter dados sinais a ele que estava apaixonada ou coisa do tipo e que ela aprendeu, está acostumada a passar, e o cara entendeu assim, só que não era nada daquilo. E a criança pode fazer isso. E o cara, o pedófilo está pensando que a criança está querendo alguma coisa com ele, mas o que ela está fazendo é uma replicação daquilo que ela vê de maneira indevida na TV aberta", afirmou.

Em outro trecho, Ribeiro disse que "trejeitos" supostamente aprendidos por crianças com a televisão são "porta aberta para tendências pedófilas":

Você viu?

"O que me preocupa é a erotização da criança , e a criança então com atitudes e com maneiras e trejeitos que ela vê e que ela imita provocando pessoas que entendem que a criança está querendo ter algum tipo de relacionamento com ela. Isso é uma porta aberta para tendências pedófilas que nós já vimos", afirmou Milton Ribeiro.

O pastor fez ainda uma diferenciação sobre sensualidade e erotismo, afirmando que homens que não sejam homossexuais, "que não tenham tendência para cá ou para lá", gostam de ver o corpo de uma mulher, e vice-versa, mas ressaltou condenar o que chamou de erotização baixo nível em programas de televisão.

"Sensualidade é uma coisa, erotismo é outra. Sensualidade é uma coisa até bonita, na mulher, no homem. Acho que tem os seus limites, é coisa bonita. Todo homem que não seja homossexual, que não tenha uma tendência para cá ou para lá, ele gosta de ver o corpo de uma mulher, e vice-versa. Falar que não é mentira. Agora caminhar para uma erotização baixando o nível, no intuito de termos liberdade, agora pode tudo, isso é perigosíssimo. Daqui a pouco uma TV vai passar cenas explícitas, lamentou.

O pastor e o apresentador do programa, identificado como Augusto Capodicasa, falaram especificamente de alguns programas da televisão, entre eles "Amor e Sexo", da TV Globo, que teve um trecho reproduzido. Ribeiro disse que não havia assistido, mas, depois de ver, o considerou de mau gosto. Destacou ainda que o que está por "trás disso é uma concorrência desenfreada".

Ribeiro foi procurado pelo GLOBO sobre as declarações, mas não retornou. O MEC também não respondeu até a publicação deste texto.