Está comprovado que a educação em escolas militares, tocadas por integrantes das Forças Armadas, apresenta bons resultados. Hoje, contudo, a tendência do governo Bolsonaro é adotar o modelo cívico-militar, com a utilização de mestres da rede pública, mas comandados por militares da reserva.
Nessa linha, está em articulação junto ao Ministério da Educação (MEC) um projeto para se instituir esse sistema misto em escolas indígenas na região Norte do País. A iniciativa pioneira foi apresentada ao MEC pelo senador Chico Rodrigues (DEM-RR) e seu principal assessor – um dos homens fortes do governo federal – Leonardo Rodrigues de Jesus, o Léo Índio, primo dos filhos do presidente da República .
A ideia da escola militarizada nas reservas indígenas é reforçar o “estudo da brasilidade”, por meio de disciplinas que incentivem a hierarquia, o sentimento de amor ao país e a defesa das próprias aldeias.
Militares comandariam parte do processo educacional dos índios . Conforme o senador, a medida é importante na medida em que algumas comunidades indígenas estão sendo aliciadas por Organizações Não Governamentais (ONGs) e isso, segundo ele, tem diminuído o sentimento de brasilidade destas comunidades, principalmente na região da fronteira com a Guiana e com a Venezuela, no estado de Roraima. “Nessas regiões temos várias organizações estrangeiras que atuam, de forma subliminar, para cooptar os nossos indígenas e é isso que queremos evitar”, afirmou o senador.
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Preocupação na fronteira
A ideia é implementar esse modelo primeiramente em duas comunidades, ambas em Roraima, estado do senador. Na reserva indígena Moscou, no município de Bonfim, que faz fronteira com a Guiana, e na reserva do Contão, em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, país que tem sido uma das maiores preocupações do governo Bolsonaro. Esses dois municípios seriam cobaias do projeto que poderia vir a ser implementado também em outras aglomerações de índios na região Norte.
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O Plano de Educação Básica do MEC prevê, por exemplo, a implementação de 108 escolas militares (para índios ou não índios) até o ano de 2023. Já nas escolas cívico-militares a expectativa de investimento é de aproximadamente R$ 40 milhões ao ano. Resta a pergunta: será que esse modelo cívico-militar funcionará com índios?