Uma decisão tomada na última sexta-feira (15) pela Universidade de São Paulo (USP), de cancelar as matrículas de estudantes de colégios militares aprovados no vestibular por meio do Sistema de Seleção Unificado (Sisu), chegou a mobilizar o Comando do Exército e o Ministério da Educação neste fim de semana. Porém, neste domingo (17), a universidade voltou atrás.
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Em comunicado publicado ontem, a USP informou que todos os candidatos que estudaram em colégios militares “vinculados e mantidos efetivamente pelas Forças Armadas” e que foram aprovados no vestibular deste ano tiveram os pedidos de matrícula aceitos.
De acordo com a instituição de ensino, o impasse na matrícula desses estudantes ocorreu porque eles se inscreveram por meio da ação afirmativa para egressos de escolas públicas. Porém, a universidade havia recebido denúncias da existência de instituições denominadas militares, mas administradas por entidades privadas, que cobram mensalidades.
"Por essa razão, os candidatos aprovados no vestibular, oriundos de escolas militares, tiveram a sua matrícula analisada caso a caso. Os poucos casos de indeferimento de matrícula estão em análise, em função de recursos apresentados", diz a nota publicada no Jornal da USP , mídia institucional da universidade.
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"A USP tem-se dedicado, nas duas últimas décadas, ao aumento da inclusão das minorias no seu quadro de alunos", reforça o comunicado. "Grandes avanços foram obtidos e, para acelerar o processo, reservas de vagas foram implantadas, a partir de 2016, para candidatos oriundos de escolas públicas e de minorias raciais. Em função disso, a Universidade preocupa-se em identificar corretamente a instituição de ensino de origem dos candidatos", encerra.
Só neste ano, a universidade ofereceu 1.471 vagas a candidatos que, independentemente da renda, tenham cursado integralmente o ensino médio nas escolas públicas. Outras 759 vagas foram destinadas apenas às pessoas pretas, pardas e indígenas, restando 6.132 vagas para a ampla concorrência.
Após a análise supracitada, a USP considerou que as escolas militares “atendem plenamente ao regramento estabelecido para o concurso vestibular 2019”.
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Durante o fim de semana, a decisão da universidade a respeito dos colégios militares foi vista pelo Exército como uma retaliação ao governo do presidente Jair Bolsonaro, devido à sua proximidade com a ala militar. Diante disso, o governador de São Paulo, João Doria, chegou a ser acionado e militares telefonaram até para Brasília. A instituição é mantida pelo Estado.
* Com informações da Agência Brasil.