O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, afirmou que "a ideia de universidade para todos não existe" e que devem ficar reservadas apenas à "elite intelectual". Em entrevista ao Valor Econômico , Vélez defendeu que os jovens utilizem o ensino técnico, uma das bandeiras do presidente Jair Bolsonaro (PSL) durante a campanha.
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"As universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual, que não é a mesma elite econômica [do País]", afirmou Vélez, que afirmou buscar um modelo de educação parecido com o da Alemanha. Segundo o ministro da Educação , não há a possibilidade de cobrar mensalidade em universidades públicas, mas é "urgente" reequilibrar os orçamentos.
Vélez também defendeu que haja enxugamento no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que já havia sido iniciado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB). Para ele, deve haver uma proximidade com o ensino técnico para que os jovens entrem mais rápido no mercado de trabalho, além de alteração em alguns pontos da reforma do Ensino Médio, aprovada por Temer no ano passado.
Para o ministro, os cursos técnicos trazem um retorno financeiro maior e mais rápido aos jovens do que a graduação e não faz sentido que um advogado estude por anos para "virar motorista de Uber". "Nada contra o Uber, mas esse cidadão poderia ter evitado perder seis anos estudando legislação", justificou.
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Vélez ainda criticou o que chamou de "ideologia de gênero" nas escolas, que ensinam "menino a beijar menino e menina a beijar menina" e afirmou que a nova estratégia do MEC será "uma virada brusca" para atender municípios com apoio financeiro. "As pessoas chegaram até a escola, é hora de a escola chegar às pessoas", afirmou.
A prioridade dos cem primeiros dias da gestão será o programa Alfabetização Acima de Tudo, que será comandado pelo secretário de alfabetização, Carlos Francisco Nadalim. Conhecido por suas posições conservadoras e um canal no Youtube onde faz críticas a educadores consagrados como Paulo Freire, ele garante que vai convocar uma conferência para ouvir especialistas de todas as vertentes em alfabetização.
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O ministro da Educação defendeu também defendeu as escolas cívico-militares, afirmou que o projeto é economicamente viável e disse que as escolas que quiserem aderir poderão manter seus projetos pedagógicos. "Exemplos já existentes mostram que basta meia dúzia de militares para que os traficantes parem de aliciar os jovens", disse Vélez.