Para metade de todos os adolescentes no mundo, ir para a escola pode ser muito difícil. Isso porque, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), cerca de 50% dos estudantes entre 13 e 15 anos de idade – cerca de 150 milhões –, diz ter sofrido violência nas escolas por parte de seus colegas dentro e no entorno das instituições. Os dados são do último relatório do Unicef.
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Em um caso brasileiro recente, a Justiça mineira determinou, nesta sexta-feira (16), que a prisão em flagrante de um suspeito de agredir um colega, em Belo Horizonte, se tornasse preventiva. Este caso, que retrata a situação da violência nas escolas brasileiras, aconteceu no Instituto de Educação. No episódio, Hudson Rangel Gomes Rosa, de 18 anos, foi detido logo após agressão, na última quarta-feira (14).
No caso, o aluno Hudson jogava futebol a com a vítima. Ele teria agredido com chutes, socos, pontapés e jogado a vítima, um outro estudante de 17 anos, de uma escada dentro da escola pública. O agressor, no caso, tinha histórico de comportamento agressivo e vai responder por tentativa de homicídio qualificada por motivo torpe. Ele já se envolveu em 30 casos semelhantes.
Socorrida desacordada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a vítima precisou ser entubada, no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, onde passou por mais de uma cirurgia. Esse aluno, que não teve o nome revelado, segue internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do hospital, em estado gravíssimo.
Alerta da Unicef para acabar com a violência nas escolas
Para conscientizar a população mundial sobre agressões nos ambientes de ensino, como a de Belo Horizonte, que vêm sendo cada vez mais comuns em todo o globo, a Unicef listou razões pelas quais é urgente acabar com essa violência.
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Além da proporção de jovens que já se sentiram agredidos nas escolas, o fundo lembra que quase 720 milhões de jovens em idade escolar vivem em países onde eles não estão completamente protegidos pela lei de castigos corporais nas escolas. Essas crianças, inclusive, correm risco de sofrer castigos físicos, de professores e outras figuras de autoridade.
Também é importante lembrar que as crianças que já são marginalizadas – como as que possuem algum tipo de deficiência – estão especialmente vulneráveis ao bullying . Outros fatores que aumentam as chances de um jovem sofrer violência escolar são pobreza extrema, etnia, orientação sexual ou identidade de gênero.
Os ataques físicos por colegas também são mais comuns entre os meninos, enquanto as meninas têm mais chances de serem vítimas de formas psicológicas de bullying ou associadas às relações interpessoais. Além disso, um em cada três estudantes, com idade de 13 a 15 anos, já se envolveu em brigas físicas nas escolas.
Em todo o mundo, nos últimos 27 anos, houve pelo menos 70 tiroteios fatais dentro de escolas. E, segundo a Unicef, essas crianças que participaram de episódios de tiroteios, crescendo em contextos violentos, têm mais chances de reproduzir a violência quando se tornarem jovens adultos.
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Além disso, violência nas escolas , principalmente em contexto de primeira infância, pode produzir um estresse capaz de interferir no desenvolvimento saudável do cérebro. Casos como esses também podem levar a comportamentos antissociais, ao uso abusivo de substâncias, ao comportamento sexual de risco e à prática de atividades criminosas.