Bolsonaro aponta "doutrinação exacerbada" no Enem e promete reformulação

Para o presidente eleito, "questão ideológica" é grave no País; ele afirmou ainda que os exames no Brasil parecem ter o objetivo de "fabricar militantes"

Em entrevista, o presidente eleito afirmou que o Enem 2018 foi um 'vexame'; entenda as críticas de Bolsonaro ao exame
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil - 25.10.18
Em entrevista, o presidente eleito afirmou que o Enem 2018 foi um 'vexame'; entenda as críticas de Bolsonaro ao exame

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, publicou críticas em suas redes sociais, nesta terça-feira (6), direcionadas à primeira prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem 2018). Segundo Bolsonaro, testes que medem o conhecimento dos alunos brasileiros contam, hoje, com "ideologia e politicagem", o que ajuda a "fabricar militantes". 

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"Qual a razão de incluir ideologia e politicagem nos testes que medem o conhecimento dos nossos alunos?", perguntou ele. "Não devemos fabricar militantes, mas preparar o jovem para que se torne um bom profissional no futuro", continuou. "O modelo atual não funciona, temos péssimos indicativos. É preciso mudar!", afirmou, sem citar diretamente o Enem 2018 .

Porém, apesar de não se referir ao Enem na publicação de hoje, Bolsonaro criticou diretamente o exame nesta segunda-feira (5), durante uma entrevista à TV Bandeirantes . Na matéria, veiculada na noite de ontem, o presidente eleito considerou a prova realizada no último domingo (4) um "vexame" e uma "doutrinação exacerbada"

“Tão mais grave que a corrupção é a questão ideológica no Brasil, que está muito arraigada por parte de alguns aqui em nossa pátria e você tem que lutar contra isso. Até a própria prova do Enem. É um vexame você ver o que é uma prova do Enem, o que mede conhecimento. Por exemplo, essa primeira parte, realizada no domingo passado, ou seja, uma doutrinação exacerbada", declarou Bolsonaro.

Pergunta do Enem 2018 foi diretamente criticada

Foto: Reprodução/Twitter
Enem 2018 teve uma questão sobre o 'dialeto secreto de gays e travestis', o que gerou críticas na família Bolsonaro

Ainda na entrevista de ontem, Bolsonaro criticou o Enem , dizendo que ele deveria cobrar "conhecimentos úteis" para a sociedade, em vez de tratar de assuntos que possam influenciar os jovens futuramente.

"Uma questão de prova que entra na dialética, na linguagem secreta de gays e travestis não tem nada a ver, não mede conhecimento nenhum. A não ser obrigar para que no futuro a garotada se interesse por esse assunto", afirmou, citando uma das questões da prova.

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Um pouco mais cedo, o filho de Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), também criticou o exame, compartilhando um comentário pejorativo sobre a mesma questão, em que havia um texto sobre “o dialeto secreto” usado por gays e travestis. "Aviso que não é requisito para ser ministro da educação saber sobre dicionário dos travestis ou feminismo", escreveu Eduardo.

A pergunta citada pela família Bolsonaro, no entanto, não cobrava dos estudantes qualquer conhecimento sobre o " vocabulário dos gays e travestis", mas trazia um texto de apoio sobre o tema e questionava quais as características técnicas para que uma linguagem seja considerada um dialeto.

Aplicada no último domingo, a primeira prova do Enem teve questões de linguagem, ciências humanas e redação, que abordaram temas como  direitos humanos, racismo, ditadura militar e a violência contra a mulher.  O tema da redação foi “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”. 

O exame se encerra no próximo domingo (11), quando, no segundo dia de provas, os candidatos do Enem 2018 serão confrontados por questões de ciências da natureza e matemática.

* Com informações da Agência Brasil.