Após a repercussão de possíveis cortes de bolsas de estudo da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em agosto de 2019, pesquisadores brasileiros usaram o Twitter e levantaram a hashtag #ExistePesquisaNoBr, nesta sexta-feira (3), para mostrar e enaltecer seus estudos que são apoiados pela fundação. A hashtag ficou em segundo lugar entre os assuntos mais comentados da rede social.
De acordo com a Capes, os cortes orcamentários do ano que vem podem prejudicar aproximadamente 93 mil discentes e pesquisadores brasileiros das mais variadas áreas, a partir de agosto. A interrupção dos repasses, no mesmo mês, atingiria 105 mil bolsistas que participam dos programas de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), de Residência Pedagógica e de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor).
Veja alguns dos twittes da #ExistePesquisaNoBr:
Galáxias produzem estrelas a partir do gás. Eu estudo os processos físicos que determinam como e por que elas perdem ou ganham gás, regulando a formação de novas estrelas e sistemas planetários. #existepesquisanobr @dudemello @AstroUSP @SpaceToday1 @Poligonautas
— TSGoncalves (@thiagosgbr) 3 de agosto de 2018
Muito legal o hashtag #existepesquisanobr . Sou historiador e investigo temas relacionados à escravidão. No mestrado pesquisei suicídio de escravizados, e no doutorado, a fuga de cativos para América espanhola durante as guerras de independências.
— Bruno Rodrigues (@Bruno_Stalker) 3 de agosto de 2018
O meu projeto de iniciação científica é sobre cosmologia. Eu testo a possibilidade de modificar a estrutura do espaço-tempo proposta por Einstein por um tipo diferente e vejo como isso pode corresponder ao nosso universo. #minhapesquisacapes #existepesquisanobr
— Muttley (@Y3S_M4N) 3 de agosto de 2018
Eu trabalho com taxonomia de anelídeos marinhos. Apesar de muita gente não conhecer esses bichos, eles participam fortemente na ciclagem de nutrientes nos oceanos e são predados por outros invertebrados e peixes (inclusive alguns de importância econômica). #existepesquisanobr
— pocqueta (@Notyurno) 3 de agosto de 2018
#existepesquisanobr
— Mago Solitário (@Hyte19) 3 de agosto de 2018
Trabalho com um fungo endêmico do Brasil, o Paracoccidioides brasiliense, que causa uma doença sem cura.
Minha pesquisa tenta entender melhor esse fungo para tentar num futuro desenvolver uma cura
Tenho muito orgulho de ser a capitã da iniciativa Fênix UFMG, onde buscamos desenvolver um foguete carregado de sementes tratadas para promover o reflorestamento de áreas de difícil acesso #existepesquisanobr
— Marina (@Nina_CAMba) 3 de agosto de 2018
Minha pesquisa é com cicatrização de feridas cutâneas com a utilização de laserterapia. O objetivo é avaliar em quais doses ( joule) o laser ajuda na cicatrização. #existepesquisanobr
— ly_paula (@leinypaula) 3 de agosto de 2018
#existepesquisanobr minha pesquisa estuda a qualidade da água de 5 reservatórios de uso doméstico no semiárido brasileiro: níveis de eutrofia, metais pesados e toxinas produzidas por bactérias. Além disso, ações de cidadania e educação para sustentabilidade em escolas da região.
— Alexandre ☭ (@Alexandrehgr) 3 de agosto de 2018
Minha pesquisa se baseia na produção cinematográfica no mundo islâmico, em especial o Irã, buscando entender de que forma o Islã se compreende na sociedade global e como, através do cinema, essa parcela pode se defender de um discurso midiático falacioso. #existepesquisanobr
— Jules (@fernandesjolia) 3 de agosto de 2018
#existepesquisanobr Sabe o que é lindo dessa hashtag? Ver os pesquisadores explicando de maneira super simples seu trabalho. De modo que todos possam entender e valorizar. <3 É disso que precisamos!!!!
— Isis Nóbile Diniz (@isisrnd) 3 de agosto de 2018
Temer "não deixará faltar" recursos para Capes
Na nota enviada ao MEC, o Conselho Superior da Capes afirma que praticamente todos os programas de fomento no exterior também seriam prejudicados. “Um corte orçamentário de tamanha magnitude certamente será uma grande perda para as relações diplomáticas brasileiras no campo da educação superior e poderá prejudicar a imagem do Brasil no exterior”.
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No entanto, o presidente Michel Temer afirmou nesta sexta-feira (3) que “não deixará faltar” recursos para bolsas oferecidas pela Capes. O presidente disse que compensará a falta de recursos, caso confirmada.
“Ainda ontem eu fiz uma longa reunião com todo o conselho científico, entre o qual os membros da Capes, e tratamos desses temas. Se houver problema eventual, eu não vou deixar faltar. Eu compensarei”. Temer lembrou que os ministros do Planejamento, Esteves Colnago, e da Educação, Rossieli Soares, estão reunidos para tratar do problema.
Em nota, os dois ministérios (Planejamento e Educação) informaram que o valor global do orçamento é definido pelo pela pasta do Planejamento, mas cada ministério decide como distribuir os recursos internamente.
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Há uma brecha para alterações, de acordo com a nota, porque o Projeto de Lei Orçamentária pode mudar até o dia 31 de agosto - prazo máximo para a proposta ser enviada para votação no Congresso. Segundo a Capes, o corte de 2018 para 2019, fixa um patamar muito inferior ao estabelecido pela LDO, o que pode prejudicar diretamente os pesquisadores brasileiros .