Filme conta história de judeu que salvou crianças do nazismo

Walter Süskind escondia crianças em internatos e casa de famílias cristãs em Amsterdã

Foto: EFE
O diretor Rudolf Van den Berg (centro) durante as filmagens de 'Süskind'

O diretor holandês Rudolf Van den Berg acaba de gravar na Romênia "Süskind", um filme baseado na história do judeu alemão Walter Süskind, que, de seu posto de gerente das deportações em Amsterdã, salvou cerca de mil crianças da morte nos campos de concentração nazistas.

Nascido em 1906 na Alemanha, Süskind e sua família chegaram à Holanda em 1938, de onde planejavam tomar um navio para a América para fugir do terror nazista. Quando chegou a Amsterdã, Süskind encontrou um trabalho como diretor de uma empresa, que poderia ajudá-lo a conseguir os fundos para pagar a viagem, mas ele não pôde partir.

Em 1940, a invasão alemã da Holanda condenou Süskind e milhares de judeus como ele. Dois anos depois, como resultado das leis impostas pelo poder ocupante, ele teve de deixar seu trabalho e começou a trabalhar em um dos conselhos judeus criados pelos nazistas para administrar a deportação de sua própria comunidade.

Seu cargo era o de diretor do teatro judeu de Amsterdã, onde os nazistas pretendiam concentrar os judeus da cidade antes de transportá-los aos campos de concentração. Sua missão era a de atrair os judeus ao teatro e organizar sua espera, dizendo a eles que iriam à Alemanha trabalhar.

"Certamente alguns começaram a se perguntar por que as crianças também iriam para lá se não podiam trabalhar", disse à Agência Efe o holandês Jeroen Koolbergen, um dos produtores do longa-metragem e grande conhecedor da história original.

Cada vez mais consciente do verdadeiro destino dos transportados, com uma família para proteger e exposto a fortíssimas tensões morais, Süskind entra em confronto com a resistência holandesa. De seu cargo como diretor do teatro judeu, ele tenta salvar a vida do maior número de crianças possível.

Através de sua rede clandestina de contatos, ele passa a escondê-las em internatos ou em casas de famílias cristãs. "Süskind perguntava aos pais se estavam de acordo. Era um grande dilema para eles. Alguns não queriam, enquanto para outros parecia uma boa ideia para salvá-los", explica Koolbergen em um dos cenários da gravação em Bucareste.

Este sistema permitiu salvar cerca de mil crianças judaicas. Algumas delas ainda vivem em Israel ou nos Estados Unidos. "É uma história real que, mesmo na Holanda, quase ninguém conhece", revela Koolbergen.

"Süskind trabalhou ao lado de altos oficiais alemães, jogou o jogo dos alemães, fez eles acreditarem que eram amigos, mas os enganou. No entanto, muitos judeus só viram essa amizade, não se deram conta da outra parte", explicou o produtor.

Até muito tempo depois da guerra, a figura de Süskind foi considerada polêmica. "Demoraram a ver que ele foi um herói", disse Koolbergen. Süskind morreu após passar pelo campo de Auschwitz e sua mulher e sua filha foram mortas em uma câmara de gás logo após chegarem ao campo de Birkenau.

Mais de 60 anos depois, o filme revela ao mundo uma história de coragem e humanidade. "Süskind" estreará nos cinemas em dezembro deste ano, informou à Efe Bogdan Moncea, da produtora romena Castel Film, que trabalhou nas gravações.

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