Wilson Pedroso

Envelhecer com dignidade

Precisamos de leis fortes que garantam todas as medidas necessárias para que os idosos possam viver bem

Precisamos agir agora para que possamos envelhecer com dignidade.
Foto: FreePik
Precisamos agir agora para que possamos envelhecer com dignidade.


Em 2070, quase 40% da população do  Brasil terá mais de 65 anos. A idade média dos brasileiros será de 51,2 anos, muito acima da média de 2023, que era de 34,8.

Os números foram divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e nos trazem um alerta: precisamos agir agora para que possamos envelhecer com dignidade.

As estatísticas do IBGE indicam que, em 2046, os idosos devem representar 28% dos brasileiros, podendo chegar a 37,8% em 2070. A aceleração do envelhecimento da população pode ser constatada ainda com maior clareza quando analisamos os números do passado. Em 1980, as pessoas idosas eram 4% do total; em 2010, esse índice saltou para 7,4%; e, em 2022, chegou a 10,9%.

Esse fenômeno é explicado por dois fatores principais, sendo que o primeiro deles é a queda na taxa de fecundidade. Ou seja, as famílias brasileiras estão cada vez menores. Atualmente, o Brasil tem um índice médio de 1,57 filho por mulher, quando o ideal seria de 2,1 para garantia da reposição populacional. E essa é uma tendência mundial. Em 2021, 54% dos países registraram taxas de fecundidade abaixo de 2,1 e a média global era de apenas 2,23. Na década de 50, esse índice era de 4,84.


O segundo ponto que explica o envelhecimento da população é o aumento da expectativa de vida. Sim, hoje é possível viver mais e melhor do que há 70 anos. Isso ocorre porque as pessoas possuem amplo acesso a serviços de saúde, remédios e vacinas; assim como a programas de assistência social de diversos tipos, que contribuem para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.

E é justamente esse o ponto que preocupa. Com uma população cada vez mais idosa, como será possível manter a rede assistencial ativa e preparada para a sobrecarga que se aproxima? Como garantir que o serviço público não seja sufocado pela nova demanda?

A resposta para essas questões é planejamento. O problema é que planejar a longo prazo não é algo simples, exige coragem para que gestores públicos invistam agora no que só será reconhecido de fato no futuro.

A chave para essa equação, portanto, está na legislação. Precisamos de leis fortes que garantam todas as medidas necessárias para que os idosos possam viver bem e ser bem assistidos hoje e no amanhã.

*Wilson Pedroso é consultor eleitoral e analista político com MBA nas áreas de Gestão e Marketing