Vinícius Lummertz

Brasil, destino pouco divulgado no planeta

Turismo deve ser uma das prioridades estratégicas do Brasil, por ser inclusivo, sustentável e gerador de empregos

Ex-ministro do Turismo Vinicius Lummertz 
Foto: Marco Cezar
Ex-ministro do Turismo Vinicius Lummertz 

Estamos perdendo tempo. O Turismo deve ser uma das prioridades estratégicas do Brasil, por ser inclusivo, sustentável, gerador de empregos e pelo nosso evidente potencial de crescimento. Já disse muitas vezes que o Turismo pode ser o “novo Agro” para o Brasil em termos de potencialidade econômica, com efeitos ainda mais completos em termos urbanos e sociais, e ótimas soluções ambientais e melhor imagem perante o mundo. Perdemos tempo por não investir com a consistência necessária na promoção e no marketing internacional. O gasto da União com promoção e marketing do Turismo foi de R$ 38 milhões em 2018 e de apenas R$ 1,3 milhão neste ano.

Todas essas afirmações acima foram a minha resposta aos jornalistas da revista Economy&Law, em entrevista que concedi recentemente para essa publicação, quando eles me perguntaram especificamente sobre promoção do Turismo, lembrando que o Brasil é uma grande marca, com potencial para ir muito além.

Na continuação da entrevista, quando a questão é sobre como se comparam os investimentos brasileiros em promoção com parâmetros internacionais, fui incisivo: nossos valores são irrisórios nesse comparativo. Podemos falar somente de Turquia, México, Colômbia, Peru e Argentina, que oscilam entre US$ 30 milhões até US$ 150 milhões anuais em promoção cada um, de forma consistente durante alguns anos em sequência. Estes são investimentos com retorno garantido quando bem aplicados.

Esses países trabalham de muito perto com as companhias aéreas e agências de turismo. Uma das consequências negativas de enviarmos muito mais turistas ao exterior do que recebemos é o déficit em nosso balanço de pagamentos por viagens internacionais, acumulado de mais de US$ 150 bilhões desde 2005. Deixamos de gerar empresas, empregos e oportunidades a centenas de milhares de brasileiros. E se concordarmos que isso é muito negativo, podemos incluir aí um sentido de amoralidade neste não-desenvolvimento. A negação do desenvolvimento possível é, pois, a negação de potenciais de vida que não voltam mais. Não seria isto amoral, ou mesmo imoral?

Para que o Brasil possa transformar em realidade esse potencial econômico e de empregos, além de maior priorização e protagonismo para o Turismo, é preciso uma ação orquestrada pública e privada na melhoria do ambiente de negócios - não há porque termos um ambiente de negócios entre os piores do planeta. Importante também é a disponibilidade de crédito assistido em grande escala, em um pacote de atração de investimentos nacionais e internacionais em Turismo, com o conceito dos Distritos Turísticos e áreas especiais em nível nacional, em regiões como a Amazônia, Pantanal, Litoral do Nordeste, Sul e Sudeste. Outros países têm e nós não temos legislações mais amigáveis e modernas para permitir investimentos em prédios históricos, turismo de natureza; maior desoneração fiscal para o setor, especialmente na aquisição e operação de bens de capital e equipamentos sem similar nacional.

Na questão levantada pelos repórteres sobre a importância dos segmentos de Transportes nessa estratégia nacional, coloquei que a conectividade integrada é prioritária, precisamos usar o potencial de nossos aeroportos regionais, com aeronaves de porte adequado; integrar os diferentes tipos de conectividade com os destinos; melhorar a infraestrutura local de atrativos, com melhor empacotamento, segurança, sinalização, qualidade de serviços e capacitação dos nossos recursos humanos; desenvolver o turismo náutico marítimo e fluvial, com toda a costa e rios que temos.

Os nossos destinos precisam ser acessados com conforto, qualidade e preço, por todos os modais de conectividade. Precisamos proporcionar condições para que os investimentos se canalizem para o setor. E pensar em Turismo sem colocá-lo apenas na “caixinha” do Turismo, afinal é uma atividade dinamizadora de vários outros segmentos.

Bem, para finalizar, quero desejar a você, à sua família e amigos, e ao nosso país, em especial, um Natal de paz, amor e muita harmonia. Que o Menino que (re)nasce neste 25 de dezembro traga a pacificação como maior presente para esta Nação, que vem sendo marcada pelo divisionismo, pelo desentendimento, pelo radicalismo e a intolerância. É hora de unir o Brasil para caminharmos para a frente, sendo vigilantes com relação aos que nos governam e fazendo a nossa parte, com muito trabalho, fé e esperança num futuro melhor. Feliz Natal!

Entre no  canal do Último Segundo no Telegram e veja as principais notícias do dia no Brasil e no Mundo. Siga também o  perfil geral do Portal iG.