Israel  venceu a guerra contra o  Hamas em termos bélicos. Mesmo assim, o país está sofrendo derrotas que dificilmente serão revertidas: a primeira refere-se aos  reféns israelenses ainda hoje aprisionados na  Faixa de Gaza e a segunda, à degradação de sua imagem frente à opinião pública mundial. A propaganda palestina, baseada em grande parte em um suposto número de mortos “inocentes”, convenceu o mundo ocidental que Israel é um Estado genocida empenhado em um projeto de limpeza étnica. 

Na semana passada, foram divulgados os resultados de uma pesquisa, conduzida pela Henry Jackson Society e pelo Fifty Research Group, que aponta que os números divulgados pelo Hamas foram sistematicamente manipulados, contribuindo para a narrativa distorcida sobre o conflito. A israelenses e judeus, essa  notícia não surpreende. Pelo contrário.

Os resultados da pesquisa

Em primeiro lugar, é importante citar que 98% dos veículos de comunicação do mundo utilizaram em suas análises e reportagens dados divulgados pelo “Ministério da Saúde do Hamas”. Tudo indica que seus autores esqueceram-se do que é o Hamas: um grupo terrorista o qual, após apoderar-se do governo da Faixa de Gaza em 2007, aniquilou todos os seus inimigos políticos e instalou uma ditadura que já dura quase 20 anos. Confiar em dados divulgados por um de seus ministérios é uma atitude ingênua, para dizer o mínimo. 

Quem acredita no Hamas?
Reprodução

Quem acredita no Hamas?















Segundo o Hamas, morreram até agora 44 mil palestinos na atual guerra contra Israel, “mulheres e crianças em sua grande maioria”, segundo o grupo terrorista. Os pesquisadores apontaram, no entanto, que esta contagem inclui mortes naturais (calculadas pelos pesquisadores em 6 mil, baseado em dados de anos anteriores), a morte de terroristas (calculados por Israel em 17 mil), a morte de vítimas do próprio Hamas e de foguetes falhos lançados a partir da Faixa de Gaza (pelo Hamas e pela Jihad Islâmica) e que caíram no próprio território palestino, além de fatalidades anteriores à guerra. 

Os dados sobre o perfil dos mortos também foram  manipulados, com adultos sendo contabilizados como crianças e homens sendo contabilizados como mulheres, aumentando artificialmente o número de fatalidades de mulheres e crianças mortas. Os dados foram algumas vezes corrigidos pelo “ministério de saúde de Gaza” logo após sua divulgação – todavia, essas notas de correção não receberam nenhuma atenção da mídia, que tradicionalmente não se preocupa em corrigir informações equivocadas. Por fim, a pesquisa aponta que a maioria dos mortos em Gaza  são homens entre 15 e 45 anos. 

Por fim, é importante lembrar que a  comunicação é uma via de mão dupla – se por um lado a mídia falha ao realizar uma cobertura tosca e não investigativa do conflito, por outro as informações divulgadas encontram um público ávido em apontar Israel como culpado de uma situação que poucos compreendem de fato mundo afora.

** Miriam Sanger é jornalista, iniciou sua carreira na Folha de S.Paulo e vive em Israel desde 2012. É autora e editora de livros, além de tradutora e intérprete. Mostrar Israel como ele é – plural, democrático, idiossincrático e inspirador – é seu desafio desde 2012, quando adotou o país como seu.

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